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Pobreza, Políticas Urbanas e Trabalho Social em discussão na UFRJ

 O núcleo de pesquisa Favela e Cidadania (Faci) da Escola de Serviço Social da UFRJ promove, entre os dias 3 e 5 de setembro,o colóquio internacional Pobreza, Políticas Urbanas e Trabalho Social, sob a coordenação de Maria de Fátima Cabral, professora do Faci. O evento conta com a participação de especialistas de diversas universidades brasileiras e internacionais na formação de mesas redondas, para discutir temas como pobreza e novas formas de gestão urbana, política de habitação de interesse social, a cidade como espetáculo urbano, entre outros.

Segundo a coordenadora, o objetivo do evento é criar um espaço de interlocução entre estudantes e especialistas. “Visando apresentar os resultados de diversas pesquisas relacionadas ao tema do Colóquio, convidamos palestrantes de diversas instituições, incluindo de outros países”, conta Maria de Fátima, que também destaca a linha de discussão de cada base do tripé – pobreza, políticas urbanas e trabalho social – abordada. “Vamos discutir a pobreza no contexto do neoliberalismo e da reestruturação produtiva, analisar as políticas urbanas e suas tendências a partir de projetos, como por exemplo, o desenvolvido no Morro da Providência e o Orla-Rio, além de propor novas alternativas ao trabalho social”, expõe a professora.

As professoras Maria Magdala Araújo, diretora da ESS, e Yolanda Guerra, coordenadora do programa de pós-graduação em Serviço Social, abriram o Colóquio, destacando a relevância do mesmo. Para Magdala, “é de grande importância para a ESS esta iniciativa do grupo de pesquisa Faci, tanto pela discussão das políticas urbanas, sociais e habitacionais quanto pela ampliação das esferas de conhecimento” elogia. Yolanda, por sua vez, enfatiza o reconhecimento dos programas desenvolvidos pelo curso de Serviço Social oferecido pela UFRJ. “Nós contamos atualmente com nove linhas de pesquisa, 15 núcleos de estudos e aproximadamente 30 projetos vinculados aos programas da ESS. Nesse meio, o Faci vem discutindo ao longo dos anos a questão da pobreza, que é, em grande escala, o objeto de estudo do serviço social”, afirma a professora.

Pobreza e Novas formas de Gestão Urbana

A primeira mesa de palestras, mediada por Myriam Moraes Lins de Barros, professora da ESS, abordou o tema pobreza e novas formas de gestão urbana, com a participação dos conferencistas Izabel Cristina Costa Cardoso, professora da Faculdade de Serviço Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (FSS/UERJ), Célia Linhares, da Universidade Federal Fluminense, Casemiro Balsa, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova Lisboa (CEOS/UNL), Olinda Rodrigues e Maria José Barbosa, professoras do departamento de Serviço Social da Universidade Federal do Pará (DSS/UFPA).

Izabel Cardoso inicia o ciclo de palestras, destacando o direito à cidade e ao trabalho, a partir da ênfase dada a um plano estratégico que visa criar uma marca da cidade do Rio de Janeiro. “O plano A Cidade da Cidade trata-se da produção de uma marca do município capaz de funcionar através de marcos especiais de distinção, vinculados a um lugar e dotados de um poder de atração importante em relação ao fluxo do capital. O objetivo é que, a partir desse plano estratégico, possamos desenvolver um conjunto de projetos sociais e de reabilitação de grupos mais vulneráveis”, expôs a professora da UERJ, que usa como exemplo o grupo de desempregados: “estes, quando entram para o trabalho informal, carregam ainda assim o estigma do desemprego”, explica a especialista.

Já Olinda Rodrigues, professora da UFPA, discute sobre a democratização e gestão pública na Amazônia: do orçamento participativo ao congresso da cidade no município de Belém entre os anos de 1997 e 2004, que constituiu sua tese de doutorado, pela UFRJ. “Essa pesquisa se inscreve na temática da democratização das relações entre estado e sociedade, com a intenção de ampliar o grau de participação e controle social nas decisões concernentes à administração pública local”, comenta Olinda, que também ressalta: “O estabelecimento de um orçamento participativo nas comunidades da cidade de Belém, por exemplo, possibilitou a criação de práticas de integração e de solidariedade entre os moradores, apesar dos problemas enfrentados, principalmente por partidos de esquerda, na implantação de um modelo de gestão democrática”, defende a professora.

Célia Linhares questiona, por sua vez, sobre as razões que alimentam a pobreza e desafiam o homem “como algo inexorável”. “É um enigma externo, do qual precisamos enxergar os pontos nodais, a partir dos quais será possível entender e superá-lo”, avalia a professora da UFF, em concordância com a apresentação de Casemiro Balsa, sobre as dimensões e temporalidades da pobreza.

Balsa, por fim, estabelece níveis de participação da pobreza na construção social. “A pobreza atua no plano sócio-histórico a partir de seus modos de produção, no sócio-antropológico pelos modos de apropriação e, a partir de seus modos de trabalho, no plano sócio-institucional. Essas formas de inserção social correspondem às várias temporalidades que se cruzam num determinado momento e da sobreposição de diversas gerações políticas”, explica o palestrante da UNL, enfatizando que a distinção das formas de pobreza está relacionada à maneira como se produz, é percebida e apropriada.

O Colóquio acontece no auditório da Escola de Serviço Social, no campus UFRJ da Praia Vermelha até quarta-feira, dia 5 de setembro, com a apresentação de mais quatro mesas-redondas. Confira abaixo a programação para os próximos dias:

Dia 4 de setembro – terça-feira:
9h30 às 13h: Política de Habilitação de Interesse Social
14h30 às 17h: Intervenções Urbanas Sociais e Trabalho Social 1

Dia 5 de setembro – quarta-feira:
9h30 às 13h: A Cidade como Espetáculo Urbano
14h30 às 17h: Intervenções Urbanas Sociais e Trabalho Social 2