O Instituto de Ciências Biomédicas inaugurou, na última sexta-feira (11/08), o novo Anatômico José Maurício Nunes Garcia Júnior, espaço fundamental de treinamento e pesquisa de essência morfológica para estudantes do Centro de Ciência e Saúde (CCS). O antigo local destinado para as práticas de ensino com cadáveres encontrava-se deteriorizado e com deficiências que prejudicavam o andamento das atividades. De acordo com o reitor Aloísio Teixeira, que esteve presente na comemoração, eram necessários os investimentos na reforma dos laboratórios que se apresentavam desrespeitosos para os funcionários, discentes e cadáveres. “Era um desrespeito à universidade, a vida e aos colegas de trabalho. Ao ver aquilo, me senti humilhado como professor e reitor”, declara Aloísio.
Durante a solenidade de inauguração, professor Adalberto Vieyra, diretor do Instituto de Ciências Biomédicas, afirmou que o novo Anatômico representa a reconstrução de um sonho. Lembrou que nos anos 90, houve a implantação do Programa de Pós-Graduação em Ciência Morfológica, porém faltou a ferramenta principal para um ensino de qualidade. Após muitas homenagens àqueles que se dedicaram ao trabalho de reformar as dependências do Anatômico, as portas do subsolo foram abertas e um passeio coletivo apresentou para a comunidade acadêmica o novo local.
O evento ainda contou com a participação da professora de relação médico-paciente, Alícia Navarro, e do professor Jorge Marcondes — ambos da Faculdade de Medicina da UFRJ —, que expressaram reflexões sobre a anatomia na vida e na morte. Esteve presente, também, o professor Vieyra, que definiu o debate como “o significado que a morte tem como preservação da vida, através do ensino das ciências da saúde”.
A professora Alícia Navarro apresentou pesquisas e casos de alunos de medicina lidando com a morte, as emoções que os mesmos sentem. O tema despertou interesse nos presentes e levou o professor José Garcia, Chefe do Departamento de Anatomia, a solicitar propostas para que os alunos que ingressam na UFRJ soubessem administrar o contato com a morte. “Instituir um espaço pedagógico para dar voz aos alunos e dar a eles condições para a apropriação da experiência” foi o conselho dado pela professora Alícia.
Na última parte da solenidade, a professora Suzanne Queiros, responsável pelo pioneirismo da UFRJ no uso da técnica da plastinação, foi homenageada. Uma retomada histórica da implantação desse procedimento químico que possibilita que peças de cadáveres tornem-se atóxicas, de aspecto agradável, inodoras e de fácil manuseio foi lida pelo professor Garcia, emocionando a todos.
As retomadas históricas e as homenagens que a organização do evento realizou foram justificadas ao final como o início das comemorações dos 200 anos da Faculdade de Medicina da UFRJ, que se completará em novembro de 2008.