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UFRJ implementa política de sustentabilidade para reduzir gastos com água e luz 

Consumo de energia elétrica apenas das unidades da Universidade na cidade do Rio corresponde a cerca de 0,5% do consumo total de energia no município

Eugênia Lopes

Recém-aprovada por unanimidade no Conselho Universitário (Consuni), a Política de Sustentabilidade e Educação Regenerativa da Universidade Federal do Rio de Janeiro  (SER/UFRJ) será um dos principais instrumentos para planejamento e execução de medidas de contenção de gastos com energia elétrica e água na instituição. Em 2024, as despesas com água e energia totalizaram R$ 136 milhões. 

“É urgente fazer o uso consciente de energia elétrica e de água. Não só pela necessidade ambiental, mas também por possibilitar economia de recursos financeiros que poderão ser investidos em assistência estudantil, restaurantes universitários, aulas de laboratório e de campo e transporte universitário”, afirma o professor Francisco Esteves, coordenador-geral da Política SER/UFRJ. 

Dados da coordenação do SER/UFRJ apontam que, em 2023, só nas unidades  localizadas na cidade do Rio de Janeiro, a Universidade consumiu 64.998.816 kWh, o que corresponde a cerca de 0,5% do consumo total de energia no município. Essas unidades têm 65 contas de luz diferentes. O consumo por metro quadrado é de 75 kWh/m²/ano, muito elevado se comparado à média de 53,7  kWh/m²/ano, considerada ideal pelo Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS). 

“Consumo eficiente de energia tem a ver com sustentabilidade. É preciso se debruçar na gestão para instituir uma política de sustentabilidade para melhorar a gestão de consumo de energia”, diz a professora Susanne Hoffmann, integrante do Comitê Executivo da Política SER/UFRJ. “Com a Política SER/UFRJ iniciamos um processo de mudanças no comportamento da comunidade universitária no que diz respeito ao uso de recursos naturais”, reitera o professor Esteves.

Reunião

No início do ano, em 7/1, o reitor Roberto Medronho reuniu-se com integrantes da coordenação da Política SER/UFRJ para construir alternativas em curto, médio e longo prazos para a otimização do uso da energia elétrica e da água nos vários campi da Universidade. Nesse primeiro momento, ficou decidida a criação de três grupos de trabalho para estudar os gargalos no consumo de luz e também encontrar fontes extras de financiamento para obras que reduzam os gastos com energia. 

Um dos grupos de trabalho irá elaborar projeto-piloto para captação de verbas em editais voltados ao uso sustentável de energia elétrica.  Também será feito levantamento das instalações em todos os prédios da UFRJ a fim de ver quais deles precisam ser readequados. Especialistas da Política SER/UFRJ pretendem analisar ainda os motivos que levam unidades da instituição a terem consumo acima do esperado. 

“Temos dificuldade de entender onde somos ineficientes. Temos poucos dados na UFRJ. Os prédios são muito grandes; alguns têm consumo excessivo e outros, consumo muito baixo. Precisamos aumentar os pontos de medição para identificar  com maior precisão qual é o potencial de redução de consumo e onde podemos implementar projetos de eficiência energética”, diz Hoffmann, que também é coordenadora da comissão gestora do Plano de Logística Sustentável (PLS) da UFRJ.

Reunião debateu estratégias para a redução do consumo de energia na UFRJ | Foto: SER/Divulgação

Consumo

Para dar subsídios aos estudos, Hoffmann apresentou relatório com dados coletados no âmbito do PLS sobre gastos de energia elétrica nas unidades da Universidade no município do Rio. O Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento de Interfaces Humano-Computador para a Amazônia Cognitivo (LabCog), onde está instalado o supercomputador Lobo Carneiro, e o Restaurante Universitário (RU) Central são exemplos de prédios nos quais o consumo de energia é acima de 200 kWh/m²/ano. 

“O consumo de energia no LabCog é alto, mas é justificável porque tem um equipamento importantíssimo para a pesquisa e o desenvolvimento”, afirma a professora. Já no RU, o alto consumo é  justificado pela grande quantidade de refeições produzidas, que atendem ao próprio RU Central e também aos restaurantes nos prédios do Centro de Tecnologia (CT), da Faculdade de Letras (FL), ambos na Ilha do Fundão, e na Praia Vermelha. 

O relatório traz ainda dados de alguns edifícios que têm consumo abaixo da média esperada,  como é o caso do prédio Jorge Machado Moreira (JMM), que fica na Cidade Universitária, e do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (Ifcs), no Centro do Rio. “São exemplos de unidades que apresentam consumos abaixo do esperado, o que reflete a precariedade de operação desses prédios; muitas salas não têm sequer ar-condicionado”, observa Hoffmann.Além do reitor da UFRJ e dos coordenadores da Política SER/UFRJ, participaram da reunião para discutir mecanismos de redução de gastos com água e luz a chefe de gabinete da Reitoria, Fabiana da Fonseca; o prefeito da Cidade Universitária, Marcos Maldonado; o diretor do Escritório Técnico da Universidade (ETU), Roberto Machado; além dos professores Walter Suemitsu, decano do CT, Edson Watanabe, do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), e Robson Dias, da Escola Politécnica.