A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) atualizou os critérios de seleção de acesso de estudantes indígenas às vagas do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). A partir de agora a identificação desses candidatos se dará por meio de mecanismos que combinem autodeclaração com a apresentação de declaração de pertencimento, assinada por uma liderança indígena e validada por uma comissão especializada, formada por indígenas e pesquisadores de notório saber. A mudança resultou na retificação do edital do Sisu 2025; assim, começa a valer já a partir deste ano.
O estabelecimento de regras mais justas para a seleção de alunos indígenas partiu dos próprios estudantes, que mobilizaram um grupo de trabalho (GT) sobre o tema criado pela Superintendência-Geral de Ações Afirmativas, Diversidade e Acessibilidade (Sgaada). Além do órgão, fazem parte do GT representantes do Coletivo de Estudantes Indígenas (CEI) e do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi). “É uma vitória da nossa resistência. Resistimos para existir. Ocupar esses espaços é agradecer aos nossos ancestrais que lutaram primeiro e não puderam estar nele. E, por eles, seguimos fortes”, afirma a estudante de pós-graduação Valéria Baniwa.
“Essa vitória não é só do Coletivo de Estudantes Indígenas, mas de todas as comunidades indígenas que lutam pelo direito à educação superior respeitando nossas especificidades e direitos”, comenta a servidora da UFRJ e estudante de doutorado Damires dos Santos França.
A necessidade de atualização dos critérios foi encaminhada para a Pró-Reitoria de Graduação (PR-1), que acolheu a demanda e publicou a retificação do edital do Sisu 2025, oficializando a atualização dos critérios. “A atualização do edital do Sisu 2025 demonstra o compromisso da UFRJ com a efetividade das políticas de ações afirmativas e o respeito aos direitos constitucionais dos povos indígenas. Essa conquista foi possível graças à mobilização coletiva e ao diálogo entre estudantes, lideranças e a Universidade, reforçando nosso papel como uma instituição que valoriza a diversidade e a equidade”, opina a superintendente da Sgaada, Denise Góes.
Na edição deste ano do Sisu a UFRJ seleciona estudantes para 9.050 vagas; dessas, 4.720 serão destinadas a ações afirmativas – socioeconômicas, étnico-raciais e para estudantes de escolas públicas. “Essa retificação é um passo significativo para garantir que o acesso de indígenas à universidade seja pautado pelo reconhecimento de suas identidades e lutas”, completa a superintendente-adjunta da Sgaada, Cecília Izidoro.
Com informações da Superintendência-Geral de Ações Afirmativas, Diversidade e Acessibilidade (Sgaada).