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Combate à indústria da desinformação

Laboratório da UFRJ vai coletar evidências científicas sobre ações que enganam consumidores no ambiente online

Para orientar políticas públicas que assegurem à população brasileira se resguardar de ações fraudulentas na internet, a UFRJ deve entregar ao governo federal, no ano que vem, um banco de dados com contas e páginas falsas que enganam consumidores, roubam dados pessoais ou aplicam golpes. A ferramenta é apenas uma das armas que o Laboratório de Estudos de Internet e Mídias Sociais (NetLab) vai desenvolver para combater a crescente indústria da desinformação na era digital.

A estratégia é mapear e coletar evidências científicas sobre ações nas mídias sociais e na web que se valem de técnicas para manipular os consumidores no ambiente online.“Como o tema da regulamentação da internet é uma das grandes questões do nosso tempo em vários países, inclusive no Brasil, compreender essa indústria paralela é um dos pontos-chave da nossa pesquisa”, disse a fundadora e diretora do NetLab, a professora Rose Marie Santini, da Escola de Comunicação (ECO/UFRJ).

Segundo a docente, pesquisadores brasileiros têm se dedicado cada vez mais a esse tema e desenvolvido projetos excelentes, mas ainda há muito a ser explorado. “O NetLab tem seis linhas de pesquisa dedicadas a isso, com diferentes projetos em cada uma. O Laboratório desenvolveu uma infraestrutura tecnológica própria de coleta e análise de dados em plataformas digitais para produção de relatórios e artigos científicos, em função dos nossos objetivos de pesquisa”, informou. 

As evidências são coletadas em plataformas como Facebook, Instagram, Twitter, TikTok, Telegram, YouTube, WhatsApp, Meta Ads e Google Ads, além de artigos publicados nos principais portais de notícias do país e também de mídias locais e alternativas. Os estudos nesse campo demonstram que certos públicos são alvos mais frequentes de campanhas de desinformação – e não é raro que entre eles estejam justamente as pessoas mais vulneráveis do ponto vista social, cultural e econômico.

Para dar conta do desafio, o NetLab obteve financiamento no início de agosto, por meio do Fundo de Direitos Difusos da Secretaria Nacional do Consumidor (FDD/Senacon), administrado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). Serão empregados 1,9 milhão de reais em pesquisas que, de forma contínua, serão desenvolvidas com a evolução do campo de estudos e em constante diálogo com os objetivos do MJSP e da Senacon.

O NetLab recruta novos pesquisadores nas áreas de Comunicação, Ciência Política, Economia e Tecnologia da Informação de forma recorrente, conforme a expansão das áreas de atuação e seguindo as exigências formais da UFRJ. “Como atuamos em várias áreas, contamos também com uma equipe multiprofissional a partir da qual cada frente possui demandas e exigências específicas”, explicou Santini. Quem tiver interesse em trabalhar nos projetos do NetLab deve acompanhar a abertura de novos processos seletivos no site do Laboratório (www.netlab.eco.ufrj.br) e em suas as redes sociais (@netlab_UFRJ no Twitter e @netlabUFRJ no Instagram).