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Rolé UFRJ #11: Casa da Ciência

Espaço se dedica à popularização da ciência, das artes e da cultura há mais de 28 anos

Em uma pequena construção antiga escondida em meio a altos prédios, reside um dos principais espaços de popularização do fazer científico da UFRJ. A Casa da Ciência, inaugurada em 1995, promove exposições, debates, oficinas, peças de teatro, cursos e muitas outras atividades interdisciplinares que buscam despertar o cientista que vive dentro de todos nós.

O Rolé UFRJ foi até Botafogo para conhecer mais sobre a rica história da edificação, que remonta à década de 1920, quando sediou um dos mais importantes centros de tratamento psiquiátrico na América Latina no período; uma das principais faculdades de Educação Física do Brasil; e, atualmente, um dos espaços de referência na divulgação científica no país.

Resistência, substantivo feminino

O prédio da Casa da Ciência foi pensado para ser uma expansão do antigo Hospital Nacional dos Alienados, edificação que hoje abriga o Palácio Universitário. Quase centenária, a construção foi inaugurada em 1926 e recebeu o nome de Pavilhão Alaor Prata, em homenagem ao engenheiro e político brasileiro. Lá foram alocadas as pacientes femininas que se encontravam em tratamento contra a tuberculose. Os pacientes homens que também tratavam a doença foram alocados em um segundo pavilhão, demolido no período de construção do antigo Canecão.

Segundo Luciane Correia, diretora da Divisão de Programas, a arquitetura do espaço foi elaborada especialmente para tratar os enfermos, com muitas janelas que permitiam a ventilação interna, uma varanda ampla que recebia as camas das pacientes durante o dia e um bosque com diversas espécies de plantas para ajudar na qualidade do ar.

Após o fechamento do hospital, o prédio foi esvaziado até se juntar, em 1940, à Universidade do Brasil como Escola de Educação Física e Desportos (EEFD). Conhecido como Casarão, o pavilhão passou a abrigar aulas de dança, ginástica rítmica e de outras atividades, com destaque para a coordenação e participação majoritária de professoras e alunas no desenvolvimento da área no país. No seu entorno, estudantes e servidores praticavam uma série de esportes, inclusive competindo em uma olimpíada da comunidade universitária.

Com a transferência da EEFD para a Ilha do Fundão, na década de 1990, a construção ficou abandonada por alguns anos, sendo reaberta em 1998, após uma ampla reforma. Assim surgia de forma oficial a Casa da Ciência, atualmente vinculada ao Fórum de Ciência e Cultura (FCC).

“Se essas paredes falassem, elas contariam uma história feminina. Num primeiro momento, o uso foi com as pacientes, tratando seus distúrbios mentais e a tuberculose; depois, os registros também mostram muitas mulheres construindo a EEFD e, desde que se tornou este espaço, somos uma equipe majoritariamente feminina”, conta Luciane.

A agradável área externa da Casa ainda conta com o bosque plantado na época do Hospital Nacional dos Alienados, com árvores frutíferas centenárias, um paisagismo contemporâneo dedicado ao cultivo de plantas tropicais e as belas esculturas do artista plástico Ivan Cruz, conhecido pela representação das brincadeiras infantis em bronze.

A produtora cultural ressalta também que o espaço enfrentou uma série de dificuldades nos últimos anos, com diminuição no orçamento, perda de servidores e, até mesmo, ameaças de demolição. A equipe então se uniu à comunidade universitária e moradores do entorno para mostrar a importância histórica, cultural, artística e científica da Casa.

“O levantamento da história do nosso espaço nos permitiu mostrar a relevância patrimonial que temos, além da importância e das memórias subjetivas que carregamos enquanto espaço de divulgação científica”, defende Luciane.

Lar da curiosidade

Como toda iniciativa dedicada à difusão da ciência, a Casa busca ser um local para o público questionar o mundo à sua volta. No momento, o espaço sedia a exposição Futuros da Baía de Guanabara: inovação e democracia climática, produzida pelo FCC com a curadoria de Leonardo Menezes, pós-doutor pela UFRJ.

A iniciativa convida os visitantes a pensarem sobre o papel de diversos setores da sociedade na crise climática, evidenciando o impacto que as mudanças têm causado. Com mais de 412km² de extensão, a região hidrográfica da Baía de Guanabara engloba 17 cidades, entre elas Rio de Janeiro, Niterói e Duque de Caxias. São ilhas, mangues e rios que compõem sua área com uma rica biodiversidade.

A exposição conta com atividades interativas, como um vídeo imersivo sobre a evolução da Terra, mapas que permitem a participação do público, entre outros. A organização da mostra também se preocupou em tornar o evento acessível. Para isso, buscou eliminar barreiras físicas, com uma boa disposição para pessoas com cadeira de rodas e com mobilidade reduzida, além de produzir guias em Língua Brasileira de Sinais (Libras) e audiodescrição.

“A exposição é muito legal e bem diversa. A gente traz perguntas desde as mudanças climáticas até qual é o papel da população nesse contexto. A gente sabe que as mudanças climáticas têm um efeito global e, embora atinjam todo mundo, impactam mais quem precisa de maiores investimentos. A intenção também é trazer o ambiente de mudanças climáticas e inovação para Baía de Guanabara, a fim de ser algo mais palpável aqui para o Rio de Janeiro e para os cidadãos”, explica Fernanda Santos, estudante de Biologia na UFRJ e uma das mediadoras do evento.

Até hoje, a Casa da Ciência, em um espaço de mais de 3 mil m², já recebeu 54 exposições em seu salão, além de outras atividades como cursos e oficinas. O Ciência para Poetas, por exemplo, é um ciclo de palestras que aprofunda questões da área com uma linguagem mais simples e é acompanhado de atividades culturais, como teatro, poesia e música. O Palco da Ciência traz temas como Astronomia, Matemática e Química por meio das Artes Cênicas. Já o Ciência para Curtir e o Ciência para Bebês, dedicados a oferecer atividades lúdicas a crianças, chegam a reunir até 200 cientistas mirins por edição!

Ciência na pandemia

Luciane conta que durante a crise sanitária da covid-19 a equipe da Casa da Ciência se viu, de repente, impedida de realizar suas atividades devido ao isolamento social. Para manter sua função pública e educativa, os servidores encontraram nas mídias sociais a solução. Durante o período fechado, o espaço realizou eventos on-line, como um curso de divulgação científica nas redes, hackatons, entre outros.

A exposição Alzheimer, em cartaz havia quatro dias da decretação da pandemia, passou a ser veiculada de maneira on-line e está disponível até hoje no site da Casa. É possível conhecer as iniciativas da equipe durante o período de isolamento em um vídeo sobre as atividades virtuais.

“Trabalhamos com os nossos alunos da extensão as possibilidades que a internet tinha para que a gente pudesse continuar fazendo divulgação científica. Até então a gente usava as redes sociais pra fazer divulgação de eventos. E aí quando veio a pandemia e tivemos que fechar, tendo inaugurado uma exposição tão recentemente, foi preciso nos reinventar”, conclui.

A Casa da Ciência funciona de terça a sábado, de 9h às 20h, enquanto nos domingos e feriados o horário vai de 10h às 16h, nas segundas não tem expediente. As atividades são abertas a todo o público e a entrada é gratuita. Visitas de grupos maiores podem ser agendadas pelo e-mail agendamento@casadaciencia.ufrj.br.

As iniciativas virtuais podem ser encontradas no site e no Instagram da unidade.

Como chegar

A Casa da Ciência fica na Rua Lauro Muller, nº 3, em Botafogo, ao lado do Shopping Rio Sul. Não há estacionamento no local. É possível chegar diretamente ao shopping de ônibus ou carro e fazer uma breve caminhada até lá. O metrô de Botafogo fica a menos de dois quilômetros de distância.

Saiba como se localizar no entorno da Casa da Ciência | Imagem: Heloísa Bérenger (SGCOM/UFRJ)

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