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UFRJ relança edital para leilão que deve devolver “novo Canecão” ao Rio

Novo edital que tem Espaço Ziraldo, dois edifícios acadêmicos e um restaurante universitário no campus Praia Vermelha como algumas contrapartidas traz poucas alterações

A UFRJ republicou nesta quinta-feira, 5/1, o edital da licitação para a concessão do equipamento cultural multiuso no campus Praia Vermelha, o “novo Canecão”. Na primeira tentativa, realizada no mês passado, não houve candidatos. Desta vez, tanto a etapa de entrega de propostas quanto a abertura dos envelopes e fase de lances acontecerão na mesma data e local: dia 2/2, no Centro de Convenções do Ventura Corporate Towers (Avenida República do Chile, 330, Centro) – a primeira parte das 9 às 11h e a segunda às 16h.

O novo edital traz algumas novidades em relação ao anterior com o objetivo de diminuir restrições à entrada de potenciais licitantes. O valor mínimo para outorga não foi alterado, permanecendo em R$ 625 mil.

Foi reduzido o valor de comprovação do patrimônio líquido para licitantes individuais, de 10% para 5% do valor do contrato, disposto em R$ 181,3 milhões – o mesmo referenciado no primeiro edital –, e corresponde a um valor nominal dos investimentos obrigatórios de quem vencer a licitação. No caso de consórcio, esse valor será acrescido em 10%, sendo permitido o somatório dos patrimônios líquidos das consorciadas, sem que seja considerada a participação proporcional.

Outra modificação que também visa estimular a participação de interessados se refere ao capital social da futura concessionária: o valor mínimo foi reduzido de R$ 40 milhões para R$ 20,5 milhões. Assim, a quantia do capital social que deverá ser integralizada antes da assinatura do contrato de concessão foi reduzida de R$ 25 milhões para R$ 15 milhões. Essa redução foi baseada na premissa de 15 anos de prazo para financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em vez da premissa anterior de sete anos de prazo. 

Segundo os organizadores do leilão, tanto a redução do valor para comprovação do patrimônio líquido como a redução do capital social mínimo da concessionária são ajustes que aumentarão a competitividade da licitação sem comprometer a segurança para a realização dos investimentos.

Veja o que muda abaixo e acesse a coleção de documentos.

DocumentoItemVersão anteriorVersão republicada
Edital7.1Visita técnica restrita à Área de ConcessãoPossibilitada a realização de visita técnica na Área da Concessão, nos locais de execução das Infraestruturas Acadêmicas e nas áreas dos Projetos Referenciais
Edital15.9.2Qualificação econômico-financeira condicionada à comprovação de patrimônio líquido de, no mínimo, 10% do Valor do ContratoQualificação econômico-financeira condicionada à comprovação de patrimônio líquido de, no mínimo, 5% do Valor do Contrato
Edital15.9.2.1Sem acréscimo à comprovação de patrimônio líquido, podendo ser somados desde que respeitada a proporção de suas respectivas participações, em caso de ConsórcioAcréscimo de 10% do valor a ser considerado para comprovação de patrimônio líquido, podendo ser somados nos termos da Lei Federal nº 14.133/2021.
Edital18.5.3Condição precedente à assinatura do Contrato de Concessão: integralização parcial do capital social mínimo no valor de 25 milhões de reaisCondição precedente à assinatura do Contrato de Concessão: integralização parcial do capital social mínimo no valor de 15 milhões de reais
Minuta do Contrato de Concessão14.3Capital social mínimo da Concessionária no valor de 40 milhões de reais, com previsão de correção após o primeiro ano de execução do Contrato de ConcessãoCapital social mínimo da Concessionária no valor de 20,5 milhões de reais, sem previsão de correção após o primeiro ano de execução do Contrato de Concessão
Minuta do Contrato de Concessão20.2Sem previsão de consideração dos custos para contratação do Agente Técnico de ApoioA escolha da contratação do Agente Técnico de Apoio deve considerar o balanceamento entre qualidade e custos
Modelo de Governança14Inclusão de novo item que preconiza que as disposições do Anexo II ao Contrato de Concessão não alteram as competências de fiscalização e deliberação da UFRJ enquanto Concedente
Plano Técnico Operacional2Maior detalhamento acerca do escopo dos investimentos das Infraestruturas Acadêmicas
Plano Técnico Operacional3Inclusão de Anexo II para apresentação de projetos que serviram de referência para as Infraestruturas Acadêmicas visando dar maior transparência acerca do escopo e qualidade dos investimentos a serem executados
Caderno de Encargos2Maior detalhamento acerca das obrigações relacionadas aos investimentos das Infraestruturas Acadêmicas
Caderno de Encargos3 e 5Inclusão de esclarecimento sobre a vedação de eventos de cunho religioso conforme resposta a questionamento do edital anteriormente publicado

A concessão

O período de concessão do espaço é de 30 anos e o valor mínimo para outorga é de R$ 625 mil. A empresa vencedora precisará fazer intervenções que chegam a R$ 137,7 milhões em todo o projeto, sendo R$ 53,7 milhões nas instalações acadêmicas e R$ 84 milhões na parte cultural. Além de investir em equipamentos culturais, quem vencer terá que dar contrapartidas in natura para a UFRJ: construir um restaurante universitário no campus Praia Vermelha com capacidade para fornecer duas mil refeições por dia, além de dois prédios acadêmicos no mesmo campus. Isso possibilitará que o Palácio Universitário concentre atividades de pesquisa e extensão das unidades ali atuantes.

A limitação da taxa de ocupação é de 30% e o gabarito é de 20 metros, com pelo menos 70% de área de livre circulação. A UFRJ terá direito a uso de 270 dias por ano do Espaço Ziraldo e a 50 dias por ano do espaço cultural multiuso.

A área total com intervenções tem 15 mil metros quadrados entre as imediações do Shopping Rio Sul, onde ficava o antigo Canecão, e o novo espaço multiuso (próximo ao campo de futebol). A ideia é que esse espaço vire uma nova área pública de lazer. 

Para ser elegível à concorrência, a empresa precisa comprovar que tem experiência ou conta com um parceiro que já administrou espaços multiuso com capacidade para pelo menos mil pessoas.

O projeto conceitual prevê que o “novo Canecão” será em formato multiuso. Mas há a exigência de que a empresa selecionada ofereça pelo menos três mil lugares no módulo “show”, com público em pé, ou 1,5 mil lugares sentados. O uso do nome “Canecão” não é obrigatório, já que o espaço pode ser batizado com a marca de um patrocinador, o que é conhecido como naming rights.

Por que não houve interessados no primeiro leilão?

O BNDES e potenciais interessados na licitação discutiram possíveis razões que levaram à ausência de propostas. A ideia do diálogo foi motivada para viabilizar ajustes que pudessem abrir caminho para competição em uma nova licitação. Os debates concluíram que foi preponderante:

  • o período de fim de ano, em que tradicionalmente existe maior dificuldade para a realização de discussões, visitas in loco, contratação de consultores e obtenção das aprovações societárias necessárias à apresentação de proposta na licitação;
  • o cenário de transição de governo em nível federal, com uma alegada insegurança em relação às definições e compromissos assumidos pelo governo federal passado; 
  • uma necessidade de extensão de prazo para a apresentação das propostas, o que teria agravado todos os pontos anteriores.