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Saúde

Infecção simultânea por catapora e varíola dos macacos é detectada por cientistas da UFRJ

Primeiro caso da detecção dupla descoberta no Brasil foi destaque no Jornal Nacional, da TV Globo

No último sábado, 24/9, o Jornal Nacional, da TV Globo, exibiu reportagem destacando o trabalho de cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que detectaram infecção por catapora e varíola dos macacos ao mesmo tempo. O paciente é um jovem de 18 anos, que passou por dois hospitais no Rio, sem diagnóstico definido. A suspeita era varíola dos macacos, também chamada de monkeypox. Por isso ele foi encaminhado para a UFRJ, centro de referência da doença.

Na Universidade, foram feitos testes para varíola dos macacos e catapora. O resultado mostrou uma situação até então inédita no país: o jovem estava com as duas doenças simultaneamente. Casos de infecção assim só tinham sido registrados no continente africano.

“Vimos que tinha uma distribuição, que a gente chama de lesões diferentes, pelo corpo. Mas, além dessas lesões, o paciente apresentava algumas que tinham como se fosse uma depressãozinha central”, afirmou Terezinha Castiñeiras, diretora do Núcleo de Enfrentamento e Estudos de Doenças Infecciosas Emergentes e Reemergentes (Needier). Outros dois pacientes com as duas doenças também foram identificados no Laboratório de Virologia Molecular da UFRJ. 

Vinculada à Faculdade de Medicina da UFRJ, a professora Terezinha Castiñeiras é diretora do Needier | Foto: Reprodução/TV Globo

Até agora, a varíola dos macacos causou duas mortes no Brasil. Já se sabe que o vírus passou por algumas mutações desde que foi identificado no país. Ainda que o local e o tempo de percepção das lesões no corpo estejam mais parecidos com sintomas da catapora, os pesquisadores já detectaram algumas diferenças nas formas de transmissão dos dois vírus.

“A catapora é contraída face a face, porque você precisa ter contato com gotículas respiratórias, secreções respiratórias do paciente. O monkeypox também pode ser contraído por via respiratória, mas é mais frequente por contato direto com a lesão de outro paciente infectado”, afirmou Clarissa Damaso, chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Vírus da UFRJ e assessora do comitê da Organização Mundial da Saúde (OMS) para pesquisa com o vírus da varíola.

A professora Clarissa Damaso é assessora do comitê da OMS para para pesquisa com o vírus da varíola | Foto: Reprodução/TV Globo

O tempo de contágio também não é o mesmo. Na catapora, termina quando as lesões formam uma crosta. O isolamento deve ser feito de uma a duas semanas. Já na varíola dos macacos, o vírus ainda pode ser espalhado mesmo com a formação das crostas e, por isso, o tempo de reclusão é maior: de três a quatro semanas.

O diagnóstico preciso é importante, porque também influencia no tipo de tratamento. Em matéria veiculada no Conexão UFRJ, os sintomas da monkeypox foram explicados. Já em evento produzido pela Superintendência-Geral de Comunicação Social (SGCOM), cientistas convidados também falaram sobre o que é o vírus, como se chega ao diagnóstico e como a UFRJ está preparada para lidar com a doença.

“Os médicos precisam estar alertas ao diagnóstico quando suspeitarem de catapora − e testarem também para varíola dos macacos. Isso tem uma importância clínica, porque o fato de esses indivíduos estarem com os dois vírus pode aumentar a circulação da catapora e infectar outras pessoas suscetíveis”, concluiu Amilcar Tanuri, coordenador do Laboratório de Virologia Molecular da UFRJ e consultor na área de Laboratório, do Ministério da Saúde.

O professor Amilcar Tanuri é coordenador do Laboratório de Virologia Molecular da UFRJ | Foto: Reprodução/TV Globo