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Oscar Araripe agora é doutor honoris causa pela UFRJ

Pintor é ex-aluno da UFRJ e teve obras expostas inclusive em Harvard

O Conselho Universitário (Consuni) decidiu conceder o título de doutor honoris causa ao pintor e escritor Oscar Araripe. A decisão unânime pela condecoração foi na primeira sessão ordinária presencial do colegiado, na última quinta, 12/5, depois do período em que operou remotamente devido à covid-19.

Um dos destaques do retorno presencial do colegiado máximo da UFRJ foi a aprovação por aclamação do título de doutor honoris causa a Oscar Araripe | Foto: Artur Moês (SGCOM/UFRJ)

Após salva de palmas, a reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho, celebrou a aprovação. “Parabéns ao pintor Oscar Araripe Ferreira, egresso da Faculdade de Direito, à comunidade da Faculdade, ao conselho de coordenação do CCJE [Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas], ao nosso mais novo honoris causa pela UFRJ, aprovado por unanimidade por este Conselho. Será uma grande honra conceder o titulo de doutor honoris causa a Oscar Araripe Ferreira presencialmente”, disse.

A reitora Denise Pires de Carvalho preside o Consuni | Foto: Artur Moês (SGCOM/UFRJ)

Hoje com 80 anos, Araripe se formou em Direito pela antiga Faculdade Nacional de Direito, da UFRJ, em 1980. Foi diretor do Centro Acadêmico Cândido de Oliveira (Caco) e sua diretoria foi cassada em 1964. Ele estudou na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, por dois períodos, e na Universidade Pro-Deo, em Roma. Ainda que seja apresentado como pintor, antes de se dedicar ao ofício, o agora doutor honoris causa pela UFRJ atuou como escritor, tradutor, crítico de teatro, colunista e redator. Iniciou a pintura como autodidata, usando papel vegetal e tela sintética (vela náutica).

O multiartista escreveu três livros: Maria na Terra de Meus Olhos, Marta, Júpiter e Eu e Eu, Promeu, o que Amazoneu, que formam a trilogia publicada em único volume Maria, Marta e Eu. A obra é considerada uma narrativa densa e de grande valor literário. É tida como uma narrativa que luta pelo respeito à natureza e pela valorização das mulheres.

Na pintura, Oscar introduziu e desenvolveu técnicas próprias para usar como base a vela náutica de poliéster. Essas inovações permitiram-lhe expor permanentemente ao ar livre grandes telas, com estruturas de ferro como moldura, levando a arte da pintura a grandes multidões. Com galeria pessoal em Tiradentes/MG, ele realizou inúmeras exposições individuais e coletivas, no Brasil e fora do país, incluindo Estados Unidos, França, Espanha, Eslovênia, Grécia, Cuba, Reino Unido, China e México.

O painel Flores para Nezahualcoyotl na Bienal de Chapingo, México | Foto: Divulgação

Araripe tem obras entronizadas em locais importantes, inclusive na atual Faculdade de Direito da UFRJ. Exemplos são o mural Flores para o Rei-Poeta Netzahualcóyotl, no Centro de Formação Artística e Cultural da Universidade Federal Chapingo, no México; e Tiradentes, o Animoso Alferes (versão Rio), na Faculdade de Direito da UFRJ. A versão original deste último mural, pintado para o bicentenário da morte do herói, foi exposta no Museu da Inconfidência, em Ouro Preto; no Museu Mineiro, em Belo Horizonte; no Museu da República, no Rio de Janeiro; no Fórum de Tiradentes, na Praça Tiradentes, em São João del Rei; na Universidade Federal de São João del Rei; na Câmara de Mariana; e na Fundação Oscar Araripe, em Tiradentes.

O pintor diante de seu painel Tiradentes, o Animoso Alferes, entronizado no hall principal do Tribunal de Justiça de Minas | Foto: Divulgação

Em 2011, ele expôs Flores na galeria Manuel Bandeira, da Academia Brasileira de Letras, no Rio. A obra também foi exposta em Harvard, no Harvard Science Center, no MIT, no Art Studio da Leverett House e no Harvard Club de Boston. Publicou o artbook Oscar Araripe, com cerca de quatro centenas de imagens, texto do autor e fragmentos críticos de renomados críticos e intelectuais brasileiros e estrangeiros. Em 2012, lançou internacionalmente, em Londres, o seu artbook e ganhou medalha de ouro com sua tela As Flores abraçam o Mundo, no Barbican Center/Museu de Londres, quando a obra passou então a figurar no Forever Memorial das Olimpíadas em Londres. Em2013, expôs Flores na Galerie Teodora, em Paris.

Flores para Harvard | Vídeo: Canal de Oscar Araripe no YouTube

“Oscar Araripe é um caso raro na arte, já que a sua obra é assumidamente simbólica e o seu processo de construção é tecnicamente inovador”, lembra o crítico de artes Jacob Klintowitz.

Segundo o professor da UFRJ Flávio Alves Martins, Araripe inovou no campo da pintura.

“Oscar Araripe apresenta uma vasta produção, tendo inclusive introduzido novas técnicas no universo da pintura, que o alçaram à condição de um dos mais inovadores pintores de sua geração, o que implicou em reconhecimento nacional e internacional, que ensejou inclusive a concessão da medalha de ouro da Academie Arts-Sciences et Lettres da França, pelo conjunto de sua obra”, conclui.