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Pelo Campus Sociedade

Quem cuida de quem cuida?

O tema parentalidade e equidade de gênero ganha espaço na Universidade com ações de Grupo de Trabalho

O Conselho Universitário (Consuni) publicou, no dia 8/7, a Resolução n.º 9/2021, que flexibiliza as atividades de ensino e trabalho remoto emergencial, de forma temporária, para alunos, professores e técnicos-administrativos que estejam exercendo o papel de cuidadores durante a pandemia do coronavírus. O documento é uma tentativa de minimizar os efeitos do isolamento sobre as pessoas da comunidade que mais têm sido afetadas pelos impactos da pandemia, principalmente as mulheres.

Segundo o levantamento Produtividade Acadêmica durante a Pandemia, realizado pelo movimento Parent in Science, entre abril e maio de 2020, mulheres negras − com ou sem filhos − e mulheres brancas com filhos foram os grupos cuja produtividade acadêmica mais foi afetada pela pandemia. Com quase 15 mil cientistas entrevistados, entre pesquisadores, docentes e discentes de pós-graduação, a pesquisa busca entender o impacto da pandemia na ciência brasileira, abordando gênero, raça e parentalidade. Os resultados apontam que a produtividade acadêmica de homens, especialmente os sem filhos, foi a menos afetada pela pandemia.

Baseado nisso e em outras pesquisas internacionais que apresentam o mesmo padrão, o GT Parentalidade e Equidade de Gênero da Universidade tem buscado realizar debates e palestras em torno do tema, bem como ações e políticas que impeçam o aprofundamento de desigualdades de gênero e raça na UFRJ. Criado em dezembro de 2020, o Grupo de Trabalho foi o responsável pela produção do guia de apoio à parentalidade e da resolução sobre flexibilização da carga horária publicado pelo Consuni no mês de julho.

Entre os próximos passos, está definida como prioridade uma proposta sobre como avaliar a progressão funcional e o estágio probatório dos servidores que exercem a função de cuidadores, levando em consideração também o contexto da pandemia.

Essa demanda precisa ser acolhida pelo corpo social da UFRJ como um ato de reparar os danos diante das desigualdades que vivemos e, por isso, não cabe que a avaliação de desempenho, de progressão funcional ou de estágio probatório seja igual à daqueles que não exercem o trabalho de cuidado

GT Parentalidade e Equidade de Gênero em entrevista ao Conexão UFRJ

Outras frentes que estão em desenvolvimento pelo Grupo de Trabalho incluem uma nota técnica sobre licença parental e uma proposta de equivalência à licença maternidade para discentes de graduação e de pós-graduação.


Fórum Estadual

A UFRJ não é a única que tem pensado como as questões de gênero e raça afetam a produtividade e o bem-estar de pessoas cuidadoras. Em março deste ano, foi criado o Fórum Estadual dos GTs sobre Equidade de Gênero, Parentalidade e Diversidade das instituições de educação superior do Rio de Janeiro, que reúne representantes da UFRJ, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFF), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Juntas, essas universidades buscam realizar um intercâmbio de experiências e conquistas entre as instituições, elaborando propostas comuns para equidade de gênero, como editais para financiamento e bolsas, concursos públicos, entre outros. No primeiro encontro do Fórum, realizado no dia 2/7, foi apresentado o formulário Diagnóstico Situacional e Metas Interinstitucionais para Equidade de Gênero nas IES, que pode ser preenchido por qualquer pessoa da comunidade acadêmica e tem o objetivo de traçar uma avaliação das políticas atualmente existentes nas universidades com foco no ingresso e na permanência de mulheres, em especial mães, em diferentes instâncias das instituições.

Entre os objetivos do Fórum, estão o combate ao assédio nas instituições, a busca pela equidade racial em conjunto com as comissões estabelecidas nas universidades e a organização de eventos para sensibilizar a comunidade.

Seminário Paternidades

O GT Parentalidade e Equidade de Gênero da UFRJ realizará, no próximo dia 10/8, às 9h, o seminário PaternidadeS, que tem como objetivo homenagear os pais e convocá-los para uma reflexão sobre o cuidado cotidiano. A reitora da Universidade, Denise Pires, abrirá o evento, que contará com a apresentação musical do professor Samuel Araujo, da Escola de Música da UFRJ, e a participação de nomes como o psicólogo Alexandre Coimbra do Amaral e o escritor e designer Rodrigo Bueno. O seminário será transmitido pelo canal da WebTV UFRJ no YouTube.

Arte: Divulgação