Nova variante de interesse é descoberta no RJ

Isolada em Conceição de Macabu, a variante P.1.2 evoluiu a partir da P.1, que é dominante no estado

Uma parceria realizada entre a UFRJ, o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), o Laboratório Central de Saúde Pública Noel Nutels (Lacen/RJ) e as Secretarias Estadual e Municipal de Saúde do Rio de Janeiro identificou, no estado, a circulação de uma nova variante, oriunda da P.1. Encontrada no município de Conceição de Macabu e em outras localidades do interior do Rio de Janeiro, a nova linhagem foi denominada P.1.2 e é considerada de interesse.

Após sequenciamento genético de 376 amostras coletadas em 57 municípios do estado entre 24/3 e 16/4, as linhagens mais encontradas foram: a P.1 (em 91,49% das amostras), a B.1.1.7 (em 2,13%) e a P.2 (em 0,53%). A descoberta também mostra que a P.1, variante dominante no estado e descrita pela primeira vez em Manaus, sofreu nove mutações, sendo uma delas na proteína S — o que originou a P.1.2, com predominância em 5,85% das amostras.

Frequência das linhagens de Sars-Cov-2 no estado do Rio de Janeiro entre março de 2020 e abril de 2021. A P.1 se tornou a variante dominante | Gráfico: retirado do estudo

Além de Conceição de Macabu, no interior do Rio de Janeiro, a nova variante também foi encontrada em amostras de outras cidades do Norte Fluminense, Baixada Litorânea e nas regiões Centro-Sul e Metropolitana. A P.1, por sua vez, foi encontrada em praticamente todo o estado, enquanto a P.2 teve maior destaque na região Norte e na Baixada Litorânea. Já a B. 1.1.7 só não foi encontrada nessa última região.

Os pesquisadores afirmam que ainda não há evidências de maior transmissibilidade ou letalidade dessa nova linhagem. Segundo Diana Mariani, bióloga da UFRJ e uma das pesquisadoras envolvidas no estudo, em um primeiro momento o grupo se dedicou ao sequenciamento e identificação das amostras, mas agora busca a correlação com possíveis causas de sobreposição dessas novas variantes em relação à que circulava anteriormente — no caso, a P.2.

“Ainda não temos como dimensionar o potencial de transmissão ou a letalidade. O que podemos afirmar é que a P.1 passou a ser a variante mais presente, e agora precisamos analisar se é por uma maior taxa de transmissão ou outro fator”, destaca.

O estudo busca compreender a circulação do vírus e identificar possíveis mutações a partir de análises de sequenciamento genético. “A partir dele podemos obter a informação de que linhagens estão circulando e variando ao longo da pandemia, o que pode ser correlacionado com a taxa de transmissibilidade, casos de reinfecção e avaliação sobre a maior ou menor proporção de casos graves. Só vamos superar essa pandemia a partir do conhecimento. Quanto mais informações obtivermos, melhor”, conclui a pesquisadora.

Acesse a pesquisa na íntegra aqui.

Por Carolina Correia