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1 ano de gestão: Reitoria da UFRJ presta contas à sociedade

Há um ano, Denise Carvalho e Carlos Frederico Rocha estão à frente da maior universidade federal do Brasil

Atualizado às 10h22 de 31/7/2020

Julho de 2019. Pela primeira vez na história da Universidade Federal do Rio de Janeiro, uma mulher chegava ao posto de reitora. Um ano se passou e, em carta, Denise Carvalho e o vice-reitor, Carlos Frederico Rocha, prestam contas à sociedade sobre o primeiro ano de gestão à frente da UFRJ, que completa um século em 2020.

Leia na íntegra:

Em julho de 2019, assumimos a Reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, uma instituição de ensino pública e autônoma, prestes a completar seu centenário.

Durante a campanha para a Reitoria, nos comprometemos com mudanças visando à modernização da Universidade e a sua maior e mais efetiva interação com a sociedade brasileira e internacional. Acreditamos que a UFRJ pode atender às demandas da sociedade no presente, sem perder de vista o seu papel decisivo no futuro da nação e do povo brasileiro.

Sete meses após o início do nosso mandato, um enorme e imprevisto desafio nos foi imposto: o enfrentamento da pandemia causada pelo novo coronavírus, a COVID-19. Embora perplexa com essa situação, toda a equipe ficou envolvida com a continuidade do funcionamento da Universidade. Afinal, a UFRJ nunca parou – esclarecimento necessário em tempos de desinformação.

Antes da pandemia, os desafios centrais da UFRJ estavam todos canalizados em temas como, por exemplo: equilíbrio orçamentário, diminuição das taxas de evasão estudantil, reconstrução do Museu Nacional, modernização dos cursos, combate às fraudes nas cotas étnico-raciais, reforço à internacionalização da UFRJ, Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), Plano Diretor 2030, conclusão de obras e reforma de infraestruturas prediais e de prédios tombados (inclusive a manutenção relacionada ao legado dos Jogos Olímpicos). O pleno funcionamento dos laboratórios de pesquisa e a reforma de bibliotecas e salas de aula estavam em primeiro plano. Pretendíamos implantar, por exemplo, até o segundo semestre de 2020, núcleos de apoio psicopedagógico em cada um dos centros.

Todos esses desafios são muito importantes e permanecem sendo monitorados. É nosso compromisso com o Rio de Janeiro, com o Brasil. Mas veio o coronavírus e as prioridades mudaram de ordem. A defesa pela vida vem na frente.

Em fevereiro, foi iniciado, na UFRJ, o combate à pandemia. Mesmo antes de o primeiro caso da doença surgir no Brasil, concebemos um grupo de trabalho multidisciplinar sobre coronavírus que elaborou boletins informativos e, juntamente com a Coordenadoria de Comunicação Social (Coordcom), providenciamos precocemente um hotsite para a sociedade brasileira acompanhar conteúdos de qualidade sobre o tema.

Vários laboratórios de pesquisa mudaram o foco e se voltaram para o estudo e diagnóstico da infecção pelo novo vírus, o SARS-CoV-2. Até hoje, foram realizados mais de 15 mil exames moleculares no Centro de Triagem e Diagnóstico do Centro de Ciências da Saúde (CCS) – uma ação conjunta entre Instituto de Biologia e Faculdade de Medicina – e no Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade (Nupem), em Macaé.

Novas instalações para o adequado atendimento dos doentes foram inauguradas nas nossas unidades de saúde. Separamos áreas específicas para atendimento à COVID-19 no maior hospital do estado do Rio em volume de consultas, o nosso Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), com um novo Centro de Terapia Intensiva (CTI) e enfermarias exclusivas, viabilizados por inúmeras doações articuladas pelo movimento União Rio e administradas pelas nossas fundações de apoio Coppetec e Fundação Universitária José Bonifácio (Fujb), às quais agradecemos muito.

A UFRJ se empenhou em inúmeros projetos de ação social, de pesquisa e extensão durante esses últimos cinco meses, orgulhando a sociedade fluminense pela sua rápida e efetiva atuação no enfrentamento à COVID-19. As ações articuladas da área de química – Instituto de Química (IQ), Escola de Química (EQ) e Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) – foram capazes de produzir álcool 70 suficiente para mantermos o funcionamento da Universidade, e a área de engenharia biomédica (Coppe) desenvolveu um novo protótipo de ventilador mecânico que apresentou sucesso nos testes em seres humanos.

A ação sinérgica entre a engenharia química (Coppe) e a imunologia (Instituto de Biofísica) propiciou o desenvolvimento de um novo teste diagnóstico sorológico de baixo custo e o “covidímetro” foi lançado por pesquisadores da Coppe, Instituto Tércio Pacitti de Aplicações e Pesquisas Computacionais (NCE) e Faculdade de Medicina. Todas essas ações se somam ao envolvimento institucional no plano de ações contra a COVID-19 nas favelas – Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos (Nepp-DH) – e incluíram a atenção e o cuidado com o nosso corpo social mais vulnerável. Assim, esta UFRJ de excelência que une ciência e solidariedade emergiu desde o início da crise sanitária e conta com a participação dos nossos voluntários, coordenados pela Escola de Enfermagem Anna Nery (Eean).

Neste início de 2020, estavam previstas diversas atividades presenciais em comemoração ao centenário da primeira universidade federal do Brasil. Todos esses eventos foram cancelados ou suspensos. A UFRJ se reinventou, acompanhando os anseios de seu corpo social e da sociedade. As atividades não essenciais e os colegiados superiores passaram a funcionar de maneira remota. As defesas de monografias, teses e dissertações puderam ocorrer de forma virtual, assim como os processos de avaliação visando à progressão e promoção nas carreiras. Elaboramos inúmeros documentos, dentre os quais o Plano de Contingência, para a orientação de todo o corpo social.

O evento Conhecendo a UFRJ, que acontece anualmente no primeiro semestre, não poderia acontecer em 2020, apesar de ser muito importante para apresentar a Universidade aos jovens que pretendem nela ingressar. Decidimos, portanto, reformular esse importante evento. A partir daí, lançamos um evento virtual repaginado, o primeiro Festival do Conhecimento UFRJ – Universidade Viva, que ocorreu entre 14 e 24/7. Foi um evento grandioso, que contou com mais de 30 mil inscrições, confirmando que o ambiente remoto pode aumentar ainda mais a interação entre a Universidade e a sociedade.

Apesar do distanciamento social, nos emocionamos nos variados eventos simultâneos e conseguimos demonstrar que a Universidade permanece atuante nas diversas áreas do conhecimento artístico, científico e cultural. O Conexão UFRJ, site de notícias da instituição, foi relançado, mas com o compromisso de permanecer como veículo de comunicação pública acerca do ensino, pesquisa e extensão da nossa Universidade, visando a se conectar com a sociedade. Também tivemos o lançamento da publicação Fórum UFRJ em Revista, que privilegiará os debates sobre o protagonismo das instituições públicas neste momento de crise – debates esses que nos dão força para continuar com muita determinação.

Em julho, iniciamos a preparação para a retomada do ensino mediado por tecnologias, o que deverá ocorrer em ambiente virtual a partir de agosto, quando a almejada inclusão digital dos estudantes puder ocorrer. Com o intuito de proporcionar o acesso a essas atividades de ensino, lançamos diversos editais para a concessão de auxílios aos estudantes do ensino básico, de graduação e de pós-graduação. Pretendemos manter a qualidade nas nossas atividades de ensino, pesquisa e extensão, apesar das dificuldades que a pandemia nos impôs e das restrições orçamentárias históricas.

Neste primeiro ano de mandato, queremos agradecer a todos aqueles que se dedicam ao fortalecimento e à defesa dessa instituição centenária que tanto nos orgulha. Agradecemos especialmente aos incansáveis membros da nossa equipe. Temos certeza de que seguiremos unidos em torno deste objetivo maior: o de enaltecer o nome da nossa Universidade, independentemente dos desafios que ainda precisaremos enfrentar.

Julho de 2020
Denise Carvalho, reitora da UFRJ
Carlos Frederico Rocha, vice-reitor da UFRJ