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UFRJ não está de braços cruzados

O ensino na Universidade não ocorre apenas nas salas de aulas convencionais

No ano do centenário da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a comunidade universitária está se reinventando e atuando com a excelência que lhe é característica. Desde 16/3, suspendemos as aulas presenciais devido à pandemia da doença causada pelo novo coronavírus, a COVID-19. No entanto, as demais atividades acadêmicas de ensino, pesquisa e extensão continuaram, embora alguns nos enxerguem como uma instituição que ensina apenas em salas de aula convencionais. Um equívoco encapsular a universidade-modelo para o Brasil nessa visão monocular.

A qualidade das instituições públicas de ensino superior é garantida exatamente porque as aulas presenciais são apenas uma parcela de todas as atividades. Nos bancos da UFRJ, há muito mais do que o ensino formal em salas de aula. O ambiente acadêmico existe e se complementa nos mais de 1.450 laboratórios de pesquisa; as atividades práticas permeiam os currículos de praticamente todos os 176 cursos de graduação. Por isso, não é comum que possamos garantir o retorno ao período letivo normal baseado apenas em atividades remotas.

Os colegiados superiores aprovaram a possibilidade de ensino remoto emergencial nos cursos de graduação e pós-graduação, mas a comunidade acadêmica tem plena convicção de que grande parte das disciplinas oferecidas (cerca de 9 mil) não será completamente substituída por essa forma de educação.

Ressaltamos que não estamos parados. Nunca estivemos. Nesses três meses, 387 estudantes colaram grau, mais de 650 diplomas foram registrados e formamos mais de 220 mestres e doutores. Mais de 40 novos projetos de pesquisa relacionados ao coronavírus estão ocorrendo na Universidade. Desenvolvemos, também, o protótipo de um respirador mecânico mais barato para distribuir aos hospitais do Rio de Janeiro e um teste sorológico inovador, de baixo custo, para detectar imunoglobulinas no soro, identificando pessoas já expostas ao vírus, mesmo as assintomáticas. Além disso, coletamos e realizamos cerca de 14 mil testes moleculares RT-PCR nas cidades do Rio e Macaé, participamos da validação dos testes sorológicos rápidos em associação com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Produzimos, ainda, em torno de 60 mil litros de álcool e iniciamos programas voluntários de acolhimento aos familiares dos mais de 700 pacientes com COVID-19 atendidos nas nossas unidades de saúde após a abertura de leitos de CTI e enfermarias destinados exclusivamente àqueles com a doença na forma mais grave.

Estamos, portanto, cumprindo com muita determinação e responsabilidade a nossa missão institucional e, em breve, retornaremos às aulas, no formato remoto, embora não seja o ideal. A meta da instituição é garantir a qualidade acadêmica.

A UFRJ não está de braços cruzados. Está de mãos dadas com a sociedade brasileira. Desde 1920.

Denise Carvalho
Reitora da Universidade Federal do Rio de Janeiro