Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) recomendou, nesta segunda-feira (13/4), a organização emergencial da rede de atenção à saúde no estado do Rio de Janeiro para o enfrentamento da pandemia da COVID-19, doença provocada pelo novo coronavírus.
Para aumentar a velocidade de resposta e a tomada de decisão apoiada em evidências, os pesquisadores indicam, em detalhes, três medidas: a criação de uma Sala de Situação, a articulação e interação de atores e setores e, por fim, o desenvolvimento de um plano estratégico emergencial.
Para os cientistas, a Sala de Situação seria um espaço de monitoramento para a coordenação da informação e gerenciamento das demandas do setor de saúde do estado do Rio de Janeiro. “A Sala de Situação deve apresentar uma matriz de responsabilidades para as ações a serem desenvolvidas. Deve garantir assento às lideranças representativas dos principais setores estratégicos da gestão da crise no enfrentamento da pandemia de COVID-19. O planejamento e a organização devem prever reuniões ordinárias diárias e extraordinárias sempre que necessário. Sugere-se o debriefing diário durante a crise ou sob demanda emergencial”, diz a nota.
Em relação à segunda medida, os pesquisadores apontam que é urgente a estruturação da rede de atenção à saúde pública e privada vinculada ao Sistema Único de Saúde (SUS), a fim de organizar a oferta de serviços à população, com suporte de setores estratégicos e entidades de classe, em ações de curto, médio e longo prazos. Essa articulação deveria contar com membros internos (secretarias de Saúde, Defesa Civil, Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Transporte, Ambiente e Sustentabilidade, Educação, Cultura, Trabalho e Renda, Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde [Conasems] e gestores municipais) e externos (representantes dos hospitais públicos federais, estaduais, municipais, universitários, das Forças Armadas e Forças Auxiliares e hospitais privados; universidades; fundações; pesquisadores; associações científicas; conselhos regionais e sindicatos profissionais, especialmente das áreas de Enfermagem, Medicina e Fisioterapia; Central Única das Favelas (Cufa) e organizações que representem grupos vulneráveis).
Quanto ao plano estratégico emergencial, a nota indica que o documento precisa elencar as ações a serem tomadas, bem como os recursos financeiros necessários. Nesse plano, será necessário incluir, ainda, questões de acesso e assistência, recursos humanos, serviços de apoio diagnóstico, Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e demais equipamentos para assistência à saúde, vigilância, comunicação e coordenação, logística e segurança.
“O atraso no desenvolvimento de ações voltadas à organização emergencial da rede de atenção à saúde no estado do Rio de Janeiro para enfrentamento da pandemia do novo coronavírus (COVID-19) e na formação da Sala de Situação poderá ter desfechos importantes não somente no tempo de resposta do setor Saúde, que será mais lento, como também em uma possível fragilidade no processo de coordenação e tomada de decisão”, alertam os pesquisadores.
A nota é assinada pelos pesquisadores Alexandre Oliveira (UFRJ), Amanda Fehn (Uerj), Carlos Freitas (Fiocruz), Christovam Barcellos (Fiocruz), Lucia Silveira (UFRJ), Maria Cláudia Vater (UFRJ), Mario Dal Poz (Uerj), Rafael Galliez (UFRJ) e Roberto Medronho (UFRJ).