Estabelecer diretrizes estratégicas, visando aprimorar as ações voltadas para a reconstrução do Museu Nacional (MN) é um dos objetivos do acordo assinado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e pela Fundação Vale, durante cerimônia no campus da UFRJ na Praia Vermelha. O documento, dentre outras ações, implementa a estrutura de governança do projeto Museu Nacional Vive. Durante o evento, que ocorreu na terça-feira (3/3), os envolvidos no projeto também apresentaram o cronograma da reconstrução e estimaram que parte do MN poderá ser reaberto em 2022.
A proposta é acompanhar as atividades em curso e as futuras, visando articular e otimizar as diferentes iniciativas e projetos, além de garantir a boa execução e a perenidade das ações planejadas para a reconstrução e a restauração do Paço de São Cristóvão e seu anexo. Além disso, preparar o Palácio para receber a nova museografia, reformar a Biblioteca e o Horto Botânico e implantar o Campus Cavalariças também estão entre os objetivos.
Denise Carvalho, reitora da UFRJ, abriu a cerimônia apresentando o escopo do projeto e a implementação da estrutura de governança. Falou, também, sobre a importância do trabalho da equipe da Universidade, principalmente as contribuições do corpo social do MN, e reforçou a necessidade do envolvimento de instituições parceiras.
Carvalho apresentou o orçamento das atividades em andamento. Foram captados R$ 164 milhões, dos quais R$ 56,3 milhões são oriundos de emendas parlamentares federais, que foram totalmente empenhados para o início das obras; R$ 16 milhões do Ministério da Educação (MEC), recursos emergenciais usados no primeiro ano após o incêndio; R$ 21,7 milhões do BNDES, valor que está sendo empregado, principalmente, na reforma da Biblioteca e do Horto; R$ 20 milhões da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e R$ 50 milhões da Fundação Vale, dos quais o primeiro aporte será de R$ 13,8 milhões.
“Esse primeiro aporte da Vale vai viabilizar a realização dos projetos de arquitetura, de conteúdo e de museografia, a certificação de sustentabilidade ambiental e outras ações, como as obras de recuperação dos bens integrados, atividades educativas e de mobilização social. Vencida essa etapa, poderemos avançar com a apresentação dos projetos nos mecanismos de incentivo fiscal à cultura e na captação de recursos privados incentivados para a reconstrução”, afirma Hugo Barreto, diretor-presidente da Fundação Vale.
A estrutura de governança visa ampliar a participação da sociedade no projeto, sendo composta por três instâncias: Comitê Executivo, órgão deliberativo, responsável pelo planejamento, implementação, acompanhamento, comunicação e avaliação do projeto; Comitê Institucional, de caráter consultivo, responsável por apoiar e aconselhar o Comitê Executivo; e o Grupo de Trabalho de Segurança e Sustentabilidade Pós-Inauguração, responsável por elaborar estudos de viabilidade econômica, estrutura organizacional, modelo de gestão e de segurança para o MN após a inauguração.
Carlos Frederico Rocha, vice-reitor da UFRJ, destacou a inovação da implementação da governança e lembrou o esforço feito pelos servidores da Universidade. “Os R$ 56 milhões da emenda que possibilitarão uma recuperação do Museu para a comunidade acadêmica foram gastos integralmente por essa equipe de técnicos-administrativos da UFRJ. É fundamental falar isso, em um momento em que os servidores públicos são desvalorizados neste país.”
Lucia Basto, gerente executiva do projeto, detalhou o cronograma 2019-2025. A data prevista para inauguração do MN é maio de 2025. Mas já em 2022, parte das obras deve estar pronta. “A intenção é que, para o bicentenário da Independência do Brasil, a gente faça uma entrega completa de toda a fachada, cobertura, esquadrias e jardins − o Jardim das Princesas e o jardim frontal”, declarou.
Além da reitora e do vice-reitor da UFRJ e do diretor-presidente da Fundação Vale, compuseram a mesa de honra Alexander Kellner, diretor do Museu Nacional; Marlova Jovchelovitch Noleto, diretora e representante da Unesco no Brasil; Luiz Eduardo Osório, diretor-executivo de Sustentabilidade, Relações Institucionais e Comunicação da Vale, que também acumula a função de presidente do Conselho Curador da Fundação Vale; e Júlio Costa Leite, superintendente de Gestão Pública e Socioambiental do BNDES.
Noleto lembrou a ação emergencial realizada pela Unesco logo após o incêndio e renovou o compromisso da instituição com a reconstrução do Museu. “Ganhamos a adesão de parceiros importantíssimos, que, junto com a Unesco, mas, sobretudo, com o MN e a UFRJ, se engajaram nessa tarefa difícil (…), complexa, mas que é uma tarefa que nos anima, porque nós estamos juntos, mostrando que podemos mais.”
Kellner salientou que a possibilidade de atuar com os parceiros e repensar o que será feito do MN é uma oportunidade para a instituição, destacando que a reconstrução do Museu é um trabalho da sociedade brasileira. “O Museu tem pressa. A sociedade tem pressa em ter esse patrimônio, esse equipamento restaurado nas melhores condições possíveis, desempenhando suas funções”, finalizou.