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O desafio de aquilombar-se

Em entrevista ao Conexão UFRJ, estudantes destacam o esforço de coletivos na construção da luta antirracista na instituição

Integrantes de coletivos negros da UFRJ estão sentado em semicírculo no pátio da Reitoria. Da esquerda para direita: um homem e quatro mulheres, entre elas a repórter do Conexão UFRJ no meio, com um microfone na mão.

Coletivos participam de roda de conversa. Foto: Ana Marina – Coordcom/UFRJ

Ao longo do século XX, relevantes intelectuais brasileiros defenderam a ideia de que os quilombos são organizações sociais revolucionárias na história das Américas e, portanto, modelos a serem considerados no debate político. Foi o caso de Abdias Nascimento — ator, escritor e teatrólogo, falecido em 2011, aos 97 anos — e de Maria Beatriz do Nascimento — historiadora, escritora, professora, ativista e egressa da Escola de Comunicação da UFRJ, assassinada em 1995, aos 53.

Ambos deixaram em seus escritos debates profundos sobre as limitações da democracia brasileira e os desafios de se lutar por uma vida justa, equânime, comum, antirracista, antipatriarcal, afrocentrada e baseada em uma lógica não predatória para os seres e o ambiente. Suas ideias reverberaram nas artes, nos movimentos sociais e na universidade. Em 2019, servem de inspiração para estudantes idealizarem suas próprias organizações.

Na UFRJ, discentes de 16 cursos de graduação constituem uma comissão de coletivos intitulada UFRJ Negra. Em grupo, eles projetam as possibilidades de se “aquilombar”, celebrar sua presença viva nos espaços e combater o racismo na instituição. Para tanto, vêm realizando uma série de atividades artísticas, culturais e políticas, como o Festival Black in Fundão, que aconteceu em 14/11, nos pilotis da Reitoria.

Para conhecer os coletivos, seus integrantes, os ideais que os movem e as questões que suscitam na comunidade universitária, a equipe do boletim eletrônico Conexão UFRJ os convidou para uma roda de conversa, na tarde de 12/11. Participaram da atividade Samara Kister, estudante de Ciências Biológicas, representando o Coletivo Negro Ebí; Maíza Kister, do curso de Psicologia, que integra o Coletivo Preto Virgínia Leone Bicudo; Anne Elizabeth Soares Rodrigues, discente de Enfermagem, do Coletivo Negro Marie Seacole; e Christian Basilio Oliveira, aluno de Gestão Pública para o Desenvolvimento Econômico e Social e um dos articuladores do Coletivo Negro do GPDES. 

Sob a mediação da jornalista Tassia Menezes, eles falaram sobre o contexto de criação dos coletivos, a noção de quilombismo, a perspectiva do afrofuturismo, entre outros assuntos. Assista na WebTV da UFRJ.