A reitora da UFRJ, professora Denise Carvalho, participou, em 19/8, do 3º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, organizado pela Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca). O evento reuniu profissionais da comunicação para discutir os desafios do jornalismo na era da desinformação e as políticas educacionais.
Durante a mesa “A universidade em tempos de conflito”, a reitora debateu o futuro das instituições públicas de ensino com o secretário de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), Arnaldo Barbosa; o reitor da Universidade de São Paulo, Vahan Agopyan; a presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Flávia Calé; e a jornalista Monica Weinberg, como mediadora .
Questionada sobre os ranqueamentos sugeridos pelo governo federal para disponibilização do orçamento, Denise afirmou que “números são muito complicados se a gente não tem um parâmetro e não identifica exatamente o que quer. O principal pra seguirmos a nossa missão é o financiamento público, algo que acontece no mundo todo e é complementado, em alguns casos, por investimentos privados”.
A reitora enfatizou que não existe crise acadêmica nas universidades, que cumprem suas metas educacionais e de pesquisa científica. Porém, os constantes contingenciamentos e cortes no orçamento têm limitado sua atuação, prejudicando seriamente o progresso científico no país. “Quando permitimos que institutos de pesquisa saiam das universidades, isso pode prejudicar o desenvolvimento econômico do Brasil, porque esse é o caminho oposto ao que está sendo feito em todo o mundo.”
Agopyan, por sua vez, criticou o corte das bolsas das agências de fomento à pesquisa e defendeu que o processo científico não conta somente com o professor, mas com toda a equipe de estudantes e outros profissionais. “Os pós-graduandos são jovens e com a cabeça não viciada. Recebo sugestões e ideias maravilhosas dos meus alunos. Se não apoiarmos com bolsas os nossos pós-graduandos, eles serão o que éramos no passado.”
O reitor da USP ressaltou que a autonomia é o diferencial para que as três universidades públicas paulistas estejam sempre em destaque nos principais rankings e estudos. Diferentemente das universidades federais, as estaduais de São Paulo (USP, Unicamp e Unesp) possuem total autonomia financeira e de gestão.
O secretário do MEC defendeu a atuação do ministério, afirmando que o Future-se pretende incrementar os investimentos já realizados, e que as mudanças na forma de distribuição do orçamento darão preferência a universidades com uma gestão mais eficiente.
Segundo Denise, as proposições do governo federal tendem a negligenciar outros fatores que envolvem a administração de uma universidade do tamanho da UFRJ, que conta com mais de 1.200 laboratórios, 9 unidades de saúde, 12 prédios tombados e mais de 70 mil pessoas entre funcionários e estudantes. A reitora finalizou sua participação destacando a necessidade de enxergar a importância das universidades brasileiras e reconhecer que cada instituição tem sua peculiaridade: “Minha preocupação é que, buscando igualdade, a gente acabe prejudicando todas as universidades”.