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Memória

Entrevista com Roberto Bartholo, candidato à Reitoria da UFRJ

Professor da Coppe responde ao segundo bloco de questões realizadas pela Coordcom


Roberto Bartholo Imagem: Diogo Vasconcellos/Coordcom

Roberto Bartholo, professor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), é o candidato à Reitoria da chapa 20 “Minerva 2.0”, que tem como vice João Cury, professor do Instituto de Economia (IE).

Bartholo é graduado e mestre pela UFRJ, além de doutor e pós-doutor por universidades alemãs. Durante sua trajetória na instituição, o professor foi também coordenador acadêmico da pós-graduação e presidente do conselho deliberativo da Coppe, entre outras funções que marcaram sua experiência administrativa e docente.

Confira a seguir a segunda parte da entrevista que o candidato concedeu ao Portal da UFRJ:

Gestão patrimonial – A UFRJ firmou parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para estudo de ativos imobiliários sem uso ou subutilizados. Quais são as suas propostas para os mecanismos de arrecadação própria e gestão desses ativos?

Vejo essa iniciativa como muito positiva. Eu acho que essa iniciativa da Reitoria Roberto Leher é, nesse caso específico, meritória. E pretendo, se vier a ser futuramente reitor da UFRJ, dar continuidade, aprendendo com essa iniciativa e, se possível, ampliando-a.

Política de pessoal – O corpo de servidores técnico-administrativos da UFRJ conta com cerca de 9.300 pessoas, mas 22% já apresentam condições de se aposentar. Dos 4.300 docentes, 15% também estão nessa condição. Esses indicadores são compatíveis com as necessidades da instituição ou há um déficit de pessoal a ser enfrentado?

Essa transformação expressa uma transição demográfica em curso, que diz respeito a toda sociedade brasileira, a ser atendida no âmbito maior e mais amplo de decisões nacionais. A ação proposta número um em nosso campo específico da UFRJ é a valorização do pessoal e das carreiras, tanto dos docentes quanto  dos técnicos-administrativos, com empenho pela desburocratização de processos, revisão de práticas disfuncionais e anacrônicas, incorporação das novas tecnologias de informação e comunicação na gestão e a articulação dessa iniciativa com a razão de ser da Universidade: formar gente.

Política de pessoal – De que maneira a sua gestão pretende atuar no engajamento dos trabalhadores da ativa, criando oportunidades de capacitação, integração e melhores condições de trabalho?

Em primeiro lugar, o trabalho tem que ter sentido. O trabalho na UFRJ é algo que contribui para o enriquecimento das vidas de quem nela trabalha, e que também contribui para o enriquecimento da vida de outras pessoas que passam pela Universidade. Isso, de certo modo, é sinônimo de dizer que o sentido de seu trabalho é ser um serviço público. Então “engajar” significa integrar as atividades de apoio aos percursos formativos, passando tarefas repetitivas e rotineiras para dispositivos de software ou robôs, incentivando a integração de todos com as atividades fim da Universidade.

Museu Nacional – Quais são as propostas da sua gestão para dar prosseguimento à reconstrução do Museu Nacional (MN)?

Eu diria em resposta que é óbvio que meu compromisso será o fortalecimento das iniciativas de reconstrução do Museu. Mas creio que a principal proposta que tenho ultrapassa isso. O que precisamos é fazer o processo de gestão de riscos integrado ao processo da gestão acadêmica. Acho que é importante deixar claro que existem na vida processos irreversíveis e existem perdas irreversíveis. O compromisso que assumimos é o compromisso de aprender com a tragédia e incorporar aos nossos passos futuros esse aprendizado. Quem quiser conhecer mais nossas propostas para o Museu pode me ver respondendo em vídeo no nosso canal no YouTube “Bartholo Reitor da UFRJ” essa e todas as outras respostas desta entrevista. O que dizemos lá no YouTube faz parte da nossa proposta para a reconstrução do Museu Nacional.

Orçamento – Desde 2015, a UFRJ atravessa reduções orçamentárias e conta com uma previsão de déficit de R$ 171 milhões para 2019. De que forma sua gestão atuará para equilibrar o orçamento da UFRJ?

Eu posso me empenhar para aumentar o orçamento da UFRJ. Eu posso desejar que o orçamento da UFRJ possa vir a ser algo significativamente maior do que ele está hoje. O que não posso é garantir para ninguém que eu vá ter êxito nessa empreitada. Em contrapartida, aquilo que eu acredito é que, sem buscar inovações institucionais no aporte de recursos extraorçamentários, me parece muito improvável que no futuro próximo a Universidade que desejamos e a Universidade que necessitamos possa caber no nosso orçamento.

Complexo Hospitalar – Quais são as suas propostas para o Complexo Hospitalar (CH) da UFRJ? E qual é a sua avaliação sobre a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh)?

Eu considero que seria desejável que os colegiados da UFRJ tivessem uma posição clara e inequívoca com relação a integrar-se à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares ou não. É claro que essa decisão de integrar-se teria repercussões e implicações, ainda mais diante da ação civil pública de 2013 cobrando medidas urgentes para atender à segurança de todos aqueles que frequentam e trabalham no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. Isso reforça a necessidade de incorporar o gerenciamento de riscos como elemento crucial da gestão das unidades de saúde.

Campi – Qual é a sua proposta para a gestão dos campi da UFRJ fora do município do Rio, bem como para as unidades isoladas da cidade?

Eu acho que posso resumir em poucas palavras essa resposta. A primeira palavra que eu diria aqui é “descentralização”.  Ou seja, tudo aquilo que a gente falou com respeito à gestão no caso específico desses campi terá essa prioridade. À descentralização eu acrescentaria um empenho pelo enraizamento local: que os projetos, que as atividades de pesquisa, ensino e extensão, que os percursos formativos oferecidos nestes campi sejam vetores com dimensão “glocal”, interfaces entre o global e o local, elementos de diálogo entre as questões de cada lugar e os problemas e saberes de âmbito mais geral e universal.

Educação básica – Quais são os seus principais planos de governo para a Escola de Educação Infantil (EEI) e o Colégio de Aplicação (CAp)? Qual é a sua avaliação sobre o Complexo de Formação de Professores (CFP)?

O Colégio de Aplicação deve ser um espelho da universidade a qual ele está vinculado, um prolongamento dessa universidade. Deve ser, antes de mais nada, um espaço livre e provocante, transformador, como a própria Universidade é. Na Escola de Educação Infantil, deve prevalecer a mesma lógica, ajustada ao específico da infância. O Complexo de Formação de Professores foi aprovado apenas em dezembro de 2018, e eu não considero responsável fazer em março de 2019 uma avaliação sobre o Complexo como é colocado nos termos da pergunta.

Arte e cultura – De que forma prática sua gestão pretende lidar com a difusão da arte e da cultura na UFRJ?

Eu diria de modo bastante curto: acho importante aprender com casos de sucesso, e o Parque Tecnológico é um caso de sucesso. Acredito que possa se aprender com o modo como o Parque Tecnológico se estruturou e que esse aprendizado possa ser fecundo para todo o corpo da Universidade. Acho que se poderiam conceber um parque artístico, um parque esportivo, um parque histórico-cultural, e que essas diferentes propostas representassem inovações institucionais nos modos pelos quais a UFRJ se relaciona com a sociedade e com o mundo.

Parque Tecnológico – O Parque Tecnológico da UFRJ, com área de 350 mil metros quadrados, é um importante ambiente de inovação do país. Em sua visão, como deve ser a relação entre a Universidade e as empresas?

A relação com empresas é um elemento da relação da Universidade com as instituições que lhe são externas, com a sociedade, com o mundo. Nessas relações, ela afirma sua identidade própria e enriquece, não apenas no sentido material, mas em seu acervo de conhecimentos, sua capacidade formativa. Não é desejável que nessa relação ela se transforme num subsetor de uma empresa, de um partido, de uma organização não governamental, de uma igreja – de qualquer instituição externa à Universidade. O Parque Tecnológico é uma importante inovação institucional que precisa ser local de aprendizado para todos os setores da Universidade.

 

Veja as entrevistas com os outros candidatos:

Denise Pires, candidata à Reitoria

Oscar Mattos, candidato à Reitoria