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Entrevista com Denise Pires, candidata à Reitoria da UFRJ

Professora do IBCCF responde ao segundo bloco de questões realizadas pela Coordcom


Denise Pires Imagem: Diogo Vasconcellos – Coordcom/UFRJ

Denise Pires, professora do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF), é a candidata à Reitoria, para a próxima gestão, pela chapa 10: “A UFRJ vai ser diferente.” Ela tem como vice o professor Carlos Frederico Leão Rocha, do Instituto de Economia (IE).

Pires é graduada, mestre e doutora pela UFRJ. Fez pós-doutorado na Itália e na França. Durante sua trajetória como docente na Universidade, foi coordenadora acadêmica na Pró-Reitoria de Graduação (PR-1) e diretora do IBCCF, além de ter passado por outros cargos que marcam sua experiência administrativa e acadêmica.

No Centro de Ciências da Saúde (CCS), foi representante eleita das classes de professores assistentes e adjuntos no Conselho de Coordenação. Pires também concorreu à Reitoria no pleito de 2015.

Confira a seguir a segunda parte da entrevista que a candidata concedeu ao Portal da UFRJ:

Gestão patrimonial – A UFRJ firmou parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para estudo de ativos imobiliários sem uso ou subutilizados. Quais são as suas propostas para os mecanismos de arrecadação própria e gestão desses ativos?

A UFRJ tem certamente muitos ativos imobiliários sem uso ou subutilizados. Somos favoráveis ao uso do patrimônio com fins de arrecadação de recursos, sempre subordinado às necessidades e demandas acadêmicas. A priorização deve ser devidamente discutida pela comunidade acadêmica e Comissão Permanente de Orçamento a ser criada na nossa gestão, com a aprovação final pelo Conselho Universitário. Outras atividades que envolvem interação com o sistema nacional de inovação também podem trazer recursos adicionais. Chama a atenção que o sistema de financiamento à inovação no Brasil permitiu a constituição de uma robusta infraestrutura de pesquisa nas universidades. Essa infraestrutura laboratorial é de cara manutenção e seus custos devem ser partilhados com o setor produtivo. O novo marco da ciência e tecnologia permite essa destinação de recursos, e somos favoráveis ao uso desses dispositivos.

Política de pessoal – O corpo de servidores técnico-administrativos da UFRJ conta com cerca de 9.300 pessoas, mas 22% já apresentam condições de se aposentar. Dos 4.300 docentes, 15% também estão nessa condição. Esses indicadores são compatíveis com as necessidades da instituição ou há um déficit de pessoal a ser enfrentado?

Com a perspectiva de aposentadoria de cerca de 20-30% dos servidores, haverá certamente déficit de pessoal. No caso dos técnicos-administrativos, devemos estruturar a Comissão Interna de Supervisão do Plano de Carreira (PCCTAE-CIS), pois a UFRJ ainda não fez o programa de dimensionamento de pessoal em todas as unidades. Propomos a criação da Comissão Temporária de Alocação de Vagas (Cotav) para servidores técnico-administrativos, nos moldes da Cotav docente, e a descentralização de alguns concursos. A alocação de servidores será transparente e institucionalizada com a implantação de políticas de pessoal mais efetivas. Promoveremos a qualidade de vida dos servidores, com a elaboração de novos projetos que atendam à comunidade universitária, e a ampliação da atuação da Comissão Interna de Saúde do Servidor Público. A UFRJ vai ser diferente.

Política de pessoal – De que maneira a sua gestão pretende atuar no engajamento dos trabalhadores da ativa, criando oportunidades de capacitação, integração e melhores condições de trabalho?

O melhor desempenho das atividades de ensino, pesquisa e extensão na UFRJ exige destacada qualificação dos profissionais em educação, docentes e técnicos-administrativos, conforme novas técnicas de gestão participativa que desburocratizem e modernizem o dia a dia da Universidade. Estamos convictos da necessidade de atenção muito especial à qualificação dos servidores técnico-administrativos da Universidade através da criação de programas de incentivo à qualificação nos níveis de ensino médio e superior, englobando a graduação e a pós-graduação. Cursos de pós-graduação, no formato do mestrado profissional, terão ênfases em áreas específicas de interesse institucional. O papel da Universidade na qualificação dos servidores é evidente e inalienável; negligenciá-lo parece-nos uma recusa aos nossos próprios ideais. Assim, à Pró-Reitoria de Pessoal (PR-4) deve caber estimular as iniciativas que tenham essa finalidade, através de ações conjuntas entre as Pró-Reitorias acadêmicas.

Museu Nacional – Quais são as propostas da sua gestão para dar prosseguimento à reconstrução do Museu Nacional  (MN)?

O Museu Nacional é uma prioridade. As comunidades nacional e internacional têm sido sensíveis aos problemas vividos pelo museu, e a sua diretoria é incansável na busca de recursos financeiros e de soluções imediatas para as instalações provisórias. A Administração Central da UFRJ precisa fornecer as condições operacionais para mobilizarmos os recursos necessários nesse período difícil e para viabilizar a utilização ágil desses recursos. Essas ações são fundamentais para que a reconstrução se dê de maneira adequada e com a maior brevidade possível. Há alguma verba já disponibilizada e é preciso que a Administração Central agilize os processos de licitação para a elaboração dos projetos executivos e a execução das obras.

Orçamento – Desde 2015, a UFRJ atravessa reduções orçamentárias e conta com uma previsão de déficit de R$ 171 milhões para 2019. De que forma sua gestão atuará para equilibrar o orçamento da UFRJ?

Inicialmente, com planejamento. A UFRJ não tem sido capaz de planejar adequadamente os seus gastos e tem simplesmente adiado o pagamento quando possível. Será fundamental conseguirmos priorizar e cortar gastos. Depois, pretendemos agir com negociação e equacionamento das dívidas. Criaremos a Comissão Permanente de Orçamento, vinculada à PR-3. Não podemos continuar apresentando para a comunidade universitária um orçamento em planilha sem detalhamento e, na última reunião do ano anterior, a execução orçamentária.

Complexo Hospitalar – Quais são as suas propostas para o Complexo Hospitalar (CH) da UFRJ? E qual é a sua avaliação sobre a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh)?

O Complexo Hospitalar deverá ser reformulado e fortalecido, talvez com uma nova denominação: Sistema Universitário de Saúde da UFRJ (SUS/UFRJ). O CH deverá ter alocação de espaço e pessoal para atender às demandas das unidades hospitalares nas seguintes áreas: 1) políticas de atenção à saúde; 2) planejamento e informação em saúde; 3) gestão e governança; 4) comitê de integridade; 5) procuradoria da saúde. A reestruturação do HUCFF (Hospital Universitário Clementino Fraga Filho], e de outras unidades hospitalares em processo dinâmico de realização, é urgente e deve ter todo o nosso apoio e do nosso CH redimensionado. A Ebserh está fora de pauta e, neste momento, deve ser desqualificada, pois não julgamos que a atual Ebserh possa resolver os problemas de subfinanciamento e de subdimensionamento de pessoal que afligem os nossos hospitais. Através do diálogo permanente, da transparência administrativa, do debate propositivo e do respeito às decisões colegiadas, buscaremos a melhor solução para os nossos hospitais.

Campi – Qual é a sua proposta para a gestão dos campi da UFRJ fora do município do Rio, bem como para as unidades isoladas da cidade?

Incentivaremos a elaboração dos Planos Diretores dos campi de Macaé e de Duque de Caxias, colocando em discussão os seus respectivos regimentos internos com a máxima urgência. Pretendemos, assim, a sua institucionalização e a efetiva participação dos representantes nos conselhos superiores, com o intuito de consolidar as atividades de ensino, pesquisa e extensão nesses campi. Encaminharemos a discussão e decisão com a premissa do acolhimento aos anseios do corpo social. Investiremos em infraestrutura de pesquisa e desenvolvimento e na ampliação da assistência estudantil nesses campi. Criaremos mecanismos para que os novos campi e as unidades isoladas se sintam integrados às atividades das demais unidades e centros.

Educação básica – Quais são os seus principais planos de governo para a Escola de Educação Infantil (EEI) e o Colégio de Aplicação (CAp)? Qual é a sua avaliação sobre o Complexo de Formação de Professores (CFP)?

O Complexo de Formação de Professores corresponde à importante iniciativa e deverá ser reformulado e consolidado. Nossa meta é o fortalecimento da Escola de Educação Infantil e do Colégio de Aplicação, entendidos como espaços de ensino, pesquisa e extensão essenciais para a formação de professores qualificados e instrumento fundamental para a necessária integração com a educação básica. Visamos ampliar as atividades do CAp com a inserção dos docentes nas atividades de pós-graduação, como os mestrados profissionais para a formação de professores, em associação com a Faculdade de Educação.

Arte e cultura – De que forma prática sua gestão pretende lidar com a difusão da arte e da cultura na UFRJ?

Pretendemos fortalecer o Fórum de Ciência e Cultura (FCC) e promover a sua maior aproximação com a sociedade, pela sua transformação em um grande polo cultural da cidade do Rio de Janeiro. É preciso redesenhar o papel do Fórum de Ciência e Cultura, que trará à frente da cena os grandes temas da atualidade, sempre em estreita e orgânica cooperação com as unidades acadêmicas. As atividades culturais são transformadoras e devem ser promovidas e incentivadas também no âmbito das unidades e centros, permeando as atividades acadêmicas diversas. Pretendemos estreitar a relação entre o FCC e as atividades de extensão universitária. O FCC será transformado em um verdadeiro coordenador da exposição das atividades de ciência, cultura e arte, e participará da discussão e ampliação do conceito de extensão universitária.

Parque Tecnológico – O Parque Tecnológico da UFRJ, com área de 350 mil metros quadrados, é um importante ambiente de inovação do país. Em sua visão, como deve ser a relação entre a Universidade e as empresas?

O Parque Tecnológico da UFRJ está em um momento de necessária reestruturação devido à diminuição de investimentos na área de petróleo e gás. Envidaremos esforços para fortalecer o Parque Tecnológico e reorientar as atividades para novas áreas do conhecimento, propiciando espaço para o surgimento de novas empresas de base tecnológica e a sua maior interação com a Universidade a partir do conhecimento gerado pelas atividades de pesquisas. Acreditamos poder contribuir ainda mais para ampliar a inovação e o desenvolvimento tecnológico nacional com as atividades desenvolvidas no parque.

 

Veja as entrevistas com os outros candidatos:

Oscar Mattos, candidato à Reitoria

Roberto Bartholo, candidato à Reitoria