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Memória

Cidade Universitária registra 199 espécies de aves

Número equivale ao do Jardim Botânico do Rio de Janeiro


Pássaros da Cidade Universitária. Fotos: Aída M. Pereira e Érica T. Morais

Em tempos de férias, o som da natureza ecoa mais alto pela Cidade Universitária. Quando o jardineiro Lorival Leite Camargo, 69 anos, apara os gramados no entorno dos prédios da Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), no Centro de Tecnologia 2, dezenas de pássaros sobrevoam o local em busca das sementes e insetos  sobre a grama. Eles fazem parte de um grupo de 199 espécies de aves já identificadas no campus da Ilha do Fundão, como bem-te-vis, carcarás, corujas, gaviões, gralhas, garças, papagaios, periquitos, pica-paus, tiês, saíras, sabiás, entre outras.

Para entender e registrar as mudanças ocorridas na natureza da Cidade Universitária nas últimas duas décadas, Gabriel Nacif, da Assessoria de Comunicação da Coppe/UFRJ, conversou com técnicos que atuaram na elaboração do plano de recuperação ambiental da Cidade Universitária, que faz parte do Plano Diretor Ambiental Paisagístico da Cidade Universitária (PDAP).    

“A quantidade de espécies registradas na Cidade Universitária é equivalente à do parque do Jardim Botânico do Rio de Janeiro”, afirma Alfredo Heleno de Oliveira, especialista em Ciências Ambientais que monitora as espécies de aves na Cidade Universitária. A contagem é realizada desde 1990 e contempla animais vagantes, visitantes sazonais e residentes, como, por exemplo, o gavião-asa-de-telha, ave de rapina observada regularmente no campus.

“Em um único dia registrei 90 espécies percorrendo a Ilha do Catalão, a Ilha de Bom Jesus e o Parque Tecnológico. A Cidade Universitária recebe também muitas aves migratórias, como o príncipe, que busca regiões mais quentes durante o inverno rigoroso do sul do planeta”, destaca Alfredo, acrescentando que, hoje, considera 199 espécies um número ainda conservador, tendo em vista que a extensa área do campus possibilita o aparecimento de novas espécies ao longo dos anos.

O chefe de portaria dos prédios do CT 2, Claudevaldo Correia, é um dos admiradores da revoada sobre os jardins. “Quando o Lorival molha a grama, aparecem muitos pássaros cantando e voando sobre as plantas. É


Gavião-asa-de-telha Foto: Alfredo H. de Oliveira

bonito de ver”, relata.

Biodiversidade integra florestas, restingas e manguezais

A paisagista Beatriz Emilião Araújo destaca que a estruturação do Horto Universitário em 1989 foi um passo importante no processo de recuperação sistemática do ambiente da Cidade Universitária. “A UFRJ passou a produzir no local as mudas para a manutenção das áreas verdes do campus. O plantio de árvores nativas da Mata Atlântica, como ipê, pau-brasil, jatobá, ingá, entre outras, fornece alimento para a fauna que se estabeleceu na ilha ao longo dos anos. O trabalho de preservação foi intensificado em 1996, com a ‘criação’ do Parque da Mata Atlântica da UFRJ, também conhecido como Parque do Catalão”, explica.

Além disso, o investimento feito no Horto, a partir de 2004, foi essencial para a revegetação da Cidade Universitária. Hoje, o resultado pode ser notado não só pela exuberância das árvores e plantas ornamentais, mas também pela quantidade e diversidade de espécies animais decorrentes desse trabalho apreciado por frequentadores assíduos e até mesmo pelos visitantes mais distraídos.

“Apesar de pouco conhecida pela maior parte dos seus frequentadores, a Cidade Universitária é muito rica em biodiversidade. Trata-se de uma área originalmente de Mata Atlântica, que reúne três grandes feições desse ambiente: florestas, restingas e manguezais”, declara Marco Aurélio Louzada, biólogo do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) e membro da primeira comissão do PDAP, criada em 2014. O objetivo principal do Plano é contribuir para a percepção ambiental dentro do Plano Diretor UFRJ 2020, que pretende adensar a área com edificações, implementar novos usos do solo, novas funções, novas tipologias e gabaritos urbanos. Para isso, foi criada uma comissão multidisciplinar com a tarefa de propor diretrizes de ordenação e gestão do território natural para que venham minimizar os impactos negativos inerentes a essa mudança. 

Segundo Alfredo Heleno, a aplicação do Plano poderá contribuir para a recuperação de todo o entorno predial e viário e, paralelamente, investir na proteção das mais de 400 espécies vegetais já catalogadas na Cidade Universitária.

Fórum Ambiental abre inscrição para colaboradores

No intuito de atrair o interesse da comunidade, o PDAP engajou-se, junto com outros grupos da universidade, na criação do Fórum Ambiental da UFRJ, instituído em dezembro de 2018. Segundo Vera do Carmo, desenhista industrial, o objetivo é envolver os frequentadores da UFRJ nas reflexões sobre a questão ambiental nos campi: “O grupo teve a preocupação de ampliar a discussão para o corpo social da Universidade. Não apenas alunos, técnicos e docentes, mas todos os frequentadores da Ilha da Cidade Universitária.”

Os interessados em participar das câmaras temáticas do Fórum podem se inscrever, até o dia 28/2, pelo formulário de participação.  Foram criadas oito câmaras: Biodiversidade e geodiversidade; Recursos ambientais – Hídricos; Recursos ambientais – Energia; Legislação e normas; Educação socioambiental; Comunicação; Resíduos; Qualidade de vida no ambiente universitário. O Fórum Ambiental foi instituído pela Assessoria da Pró-Reitoria de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças (PR-3), pela coordenação de Meio Ambiente da Prefeitura Universitária, pela coordenação dos Programas Ambientais do Centro de Tecnologia, pela Coppead, pela equipe do Plano Diretor Ambiental Paisagístico (PDAP), pela Rede de Agroecologia, pela Rede de Informação e Pesquisa em Resíduos (RIPER), e pela Superintendência de Governança da Pró-Reitoria de Gestão e Governança (PR-6).