Foto: Acervo
Homenagear Aloisio Teixeira é necessário. Muitas e muitas vezes. São muitas as facetas do seu trabalho que transbordam pela universidade e pelo país. Segundo o próprio Aloisio, Marx organizou definitivamente a matriz de seus pensamentos. E, desenvolvendo seu pensamento de modo original, dedicou-se a pensar o Brasil. Militou em prol do desenvolvimento do país e, particularmente, pela democratização da universidade pública e gratuita, por compreender que a ciência, a tecnologia, a arte e a cultura devem ser apropriadas por todo o povo, em especial pelos mais explorados, conhecimentos que precisam estar a serviço das necessidades dos povos e de seu bem viver.
Tinha orgulho de ser funcionário público. Ingressou como professor na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1981. Sempre buscou ser um grande professor. Seus estudantes confirmam o êxito desse objetivo. E foi um professor de destaque, pois foi excelente pesquisador, extensionista e dedicado lutador pela causa da educação pública. Com o fim da ditadura militar, seu expressivo trabalho político e acadêmico o fez receber convites para participar do “governo da redemocratização”, como se via na época. Engajado na Constituinte, contribuiu com formulações estruturantes no capítulo da Seguridade Social, uma seção da Constituição que é referência democrática em todo o mundo.
A década de 1990 marcou seu retorno à Universidade, ao mesmo tempo em que se instauravam os governos de extrato neoliberal no Brasil. Não poderia ficar parado diante dos ataques à universidade pública, à sua autonomia e ao desmonte da ciência brasileira. Isso o levou a concorrer ao cargo de reitor da UFRJ, tendo sido eleito pelo voto da maior parte da comunidade. No entanto, sofreu um golpe do Ministério da Educação, quando o ministro da época preteriu seu nome, na lista tríplice, beneficiando outro candidato, recebedor de menos de 9% do total de votos. Era um ataque à UFRJ. Eterno combatente pela democracia, Aloísio assumiu o assento de representante de professores titulares do CCJE no Conselho Universitário, de onde travou dura batalha contra a intervenção então instalada e transformou aquele espaço em uma tribuna da autonomia universitária. Professores, técnicos-administrativos e estudantes se somaram à luta pela autonomia universitária, protagonizando um dos mais belos momentos da história da UFRJ.
Entre 2003 e 2011, dirigiu a UFRJ democraticamente, aberto a ouvir e dar espaço à apresentação do contraditório, possibilitando um ambiente de debate e criatividade raramente vivido pela universidade brasileira. Lutou pela expansão de vagas, não apenas pelo crescimento quantitativo, mas pela democratização do acesso, por meio de ações afirmativas que conjugassem, ao mesmo tempo, condição econômica, raça e vínculo com a escola pública. Homenageá-lo cinco anos após a sua morte é lembrar sua presença: a sua força continua entre nós! Seguimos, todos, motivados a aprofundar a implementação da universidade democrática, agora desafiados a assegurar, de fato, condições de permanência aos estudantes provenientes das frações mais exploradas e expropriadas que ingressaram por meio das políticas aprovadas em suas gestões. Agora em contexto muito adverso em virtude de drásticos cortes no orçamento das universidades e institutos públicos de pesquisa.
O difícil quadro econômico, social, político do país não pode servir de justificativa para adaptação ao existente! Como diria Aloisio, é hora de conclamar a união, intensificar a mobilização e confiar que nossa comunidade jamais ficará passiva diante da política destrutiva de nossa utopia. Nas palavras de Eduardo Galeano, as utopias servem para nos fazer caminhar. Não impedirão nosso caminho.
A singela homenagem da Reitoria é extensiva aos amigos, colaboradores, familiares de Aloísio. Todo carinho e reconhecimento por suas jornadas ao lado de nosso professor!
Aloisio Teixeira, presente!
Reitoria da UFRJ