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Febre amarela: prevenção e cautela

Especialistas da UFRJ afirmam que não existe risco imediato de epidemia em áreas urbanas


Arte: Zop/CoordCom

 

A notícia de casos de febre amarela no estado do Rio de Janeiro, confirmada pela Secretaria de Saúde no dia 15/3, causou tumulto e corrida da população carioca aos postos de vacinação. Apesar do surgimento de casos na região fluminense, especialistas da UFRJ afirmam que o pânico é desnecessário, mas é preciso cautela para tomar a vacina.

Após a divulgação de casos em Minas Gerais e no Espírito Santo, no início do ano, o município de Casimiro de Abreu, no interior do Rio de Janeiro, contabilizou cinco casos comprovados, incluindo uma morte. Dados do Ministério da Saúde informam que, até a quinta-feira (23/3), foram confirmados no país 492 casos da doença em 2017.

Segundo Roberto Medronho, professor da UFRJ e diretor da Faculdade de Medicina, por enquanto, os riscos de uma epidemia da forma urbana da febre amarela são muito baixos: “Os casos notificados até agora no Brasil são da forma silvestre do vírus, cujo transmissor é o Haemagogus, mosquito específico de áreas de floresta que contamina macacos e, em um segundo momento, humanos. O último caso de febre amarela urbana no país foi registrado em 1942, no Acre”.

Professor do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Amâncio Paulino de Carvalho diz que não há motivos para o desespero, já que não existe risco imediato de epidemia em áreas urbanas e as ações de vacinação vêm sendo conduzidas de maneira correta.

“O procedimento neste caso é promover a vacinação de bloqueio das áreas afetadas para que o vírus não atinja a população local e, consequentemente, não avance para outros lugares. Essa estratégia permite que os habitantes dos locais afetados sejam imunizados e, além de não serem contaminados, não sirvam de hospedeiros para a proliferação do vírus”, explica.

Segundo os especialistas, a doença é dividida em duas fases: a primeira e mais recorrente tem duração de três a cinco dias, com sintomas como febre alta repentina, náuseas e dores no corpo e na cabeça. A segunda começa em até 48 horas após a melhora dos sintomas iniciais e é a fase aguda da doença, podendo causar vômitos, icterícia e diarreia. Esse é um sinal de alerta importante, e o médico deve ser procurado com urgência, já que o agravamento do caso pode levar à morte.

Efeitos colaterais à vacinação

O Brasil, por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), é reconhecido internacionalmente pela produção de vacinas contra a febre amarela e tem aporte para uma campanha massiva de imunização. Porém Medronho atenta para os riscos de reações colaterais durante o processo de vacinação. “Devemos avaliar sempre a relação de risco e benefício. As pesquisas apontam para um índice de reações adversas de até 10%, com sintomas comuns como febre e mal-estar, e um número bem menor de casos mais graves.”

A vacinação não é recomendada para maiores de 60 anos, bebês com menos de nove meses, pacientes com doenças autoimunes ou que utilizem remédios imunossupressores, além de pessoas com alergia a componentes do ovo. “A vacina também não é recomendada para gestantes, lactantes, pacientes com histórico de doenças do timo, problemas neurológicos de natureza desmielinizante e pessoas que estejam com sintomas de febre aguda e dores no corpo. Nesse caso, o indicado é procurar orientação médica”, completa Medronho.