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Economizar energia e investir em sustentabilidade: desafios para a UFRJ

A rotina de volta às aulas deverá ser um pouco diferente para os estudantes da Cidade Universitária − ao menos é isso o que espera o prefeito do campus, Paulo Mario. Quando os trotes terminarem e as aulas começarem, será lançada a campanha “Essa conta é de todos”, da Prefeitura da UFRJ, que pretende promover uma reeducação de técnicos-administrativos e professores no uso da energia para diminuir o gasto mais alto da Universidade com custeio.xa0A meta é reduzir o consumo em 25%.

Ivan Carmo, pró-reitor de Gestão e Governança (PR-6), explica que o aumento expressivo das tarifas de energia promovido pelo governo federal em 2015 afetou o planejamento orçamentário da UFRJ.

“Havia um planejamento de orçamento para 2015 e 2016 que não contabilizava o ‘tarifaço’ e o acúmulo desses aumentos. Nem mesmo o próprio governo federal considerou esse impacto nas contas. O orçamento veio com o valor planejado e não houve correção proporcional ao aumento do reajuste da tarifa”, explica.

Imagem de Ivan Carmo, pró-reitor de Gestão e Governança.
Ivan Carmo, pró-reitor de Gestão e Governança (PR-6). Foto: Nathália Werneck (Coordcom / UFRJ)

Com isso, a Universidade acabou sofrendo cortes irregulares de energia pela Light no final do ano passado. O “tarifaço” elevou a conta da UFRJ de R$ 25,5 milhões para R$ 46,2 milhões em 2015, sem que tivesse ocorrido aumento de consumo ou suplementação orçamentária frente ao aumento da despesa. Após processo de negociação, houve acordo entre a Light e a UFRJ, embora ainda existam contas em atraso.

Uma cidade de médio porte

Porém, não apenas o “tarifaço” aumentou a conta de energia da Universidade: a ampliação do número de salas de aula e laboratórios também. A infraestrutura de cidade de médio porte do campus é cara para o orçamento. São aproximadamente 100 mil pessoas circulando por dia na Ilha do Fundão, o que impacta o consumo de energia.

A campanha “Essa conta é de todos” pretende sensibilizar toda a comunidade universitária a adotar uma postura colaborativa para reduzir o consumo de energia elétrica. Para isso, serão distribuídas cartilhas aos administradores de cada prédio, será feita divulgação da campanha por meio das redes sociais e cartazes, banners e adesivos serão fixados em pontos estratégicos, como em ônibus de circulação interna.

São peças gráficas com mensagens simples, mas eficazes se praticadas. Nelas, seremos lembrados de desligar o ar-condicionado no horário de almoço, apagar as lâmpadas nos ambientes desocupados, ativar o modo econômico do computador para poupar energia, entre outros avisos.

“Nós queremos que essa campanha seja enraizada na Universidade. Se você cria a cultura de desligar a luz ao sair ou botar o computador em stand-by, isso fica para sempre. As contas da energia elétrica irão para a Reitoria e nós iremos monitorar as unidades e acompanhar o consumo”, diz Paulo Mario.

Imagem de Paulo Mario, Prefeito do campus.
Paulo Mario, Prefeito do campus. Foto: Diogo Vasconcellos (Coordcom / UFRJ)

“É preciso renovar o parque de subestações”

A expectativa é que a campanha alcance seu objetivo. Porém, Ivan Carmo sustenta a necessidade da realização de outras medidas em conjunto com a ação que será promovida pela Prefeitura Universitária.

Segundo ele, muitos equipamentos estão defasados, como aparelhos de ar-condicionado, que têm um consumo muito alto e precisam ser trocados por outros mais eficientes.

“Além disso, precisamos renovar o parque de subestações que fornece energia para os prédios, incentivar o compartilhamento de instalações e criar uma política de distribuição do consumo pelos horários em que a tarifa é mais barata”, avalia o pró-reitor.

A sustentabilidade na mira

Em contrapartida, a promoção do consumo consciente e da sustentabilidade no campus da UFRJ vem ganhando força com os projetos do Fundo Verde de Desenvolvimento e Energia para a Cidade Universitária. Localizado no Parque Tecnológico, o Fundo Verde recebe recursos oriundos da isenção do imposto ICSM, cobrado pelo governo do estado do Rio de Janeiro sobre a conta de energia elétrica do campus.

Essa receita é revertida para projetos de melhoria da mobilidade, de uso da energia a partir de fontes alternativas, de redução do consumo de água e de resíduos e de monitoramento de indicadores no campus.

No que se refere à energia, o Fundo busca aumentar o máximo possível a geração fotovoltaica. É um programa que envolve a implantação de um sistema de energia renovável no estacionamento anexo ao Centro de Tecnologia (CT), a instalação de um sistema de geração de energia por painéis fotovoltaicos no Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG), a aquisição e instalação de lâmpadas LED nas áreas de comum acesso do CT e a instalação, em seus blocos, de medidores inteligentes nas subestações de energia.

Imagem de Suzana Kahn, professora da Coppe/UFRJ e coordenadora executiva do Fundo Verde.
Suzana Kahn, professora da Coppe/UFRJ e coordenadora executiva do Fundo Verde. Foto: Divulgação Coppe / UFRJ

“Estamos fazendo um controle das subestações de forma que possamos ter um controle inteligente delas para adaptar o contrato da UFRJ com a Light de acordo com a demanda de energia e, assim, evitar futuras multas”, diz Suzana Kahn, professora de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ e coordenadora executiva do Fundo Verde.

Segundo ela, o Fundo pretende fazer um mapeamento da rede elétrica dos prédios da Cidade Universitária para refazer a planta de energia elétrica e, dessa forma, melhorar a gestão.

Kahn também explica que o site do Fundo Verde conta com um banco de dados no qual é possível ver as informações de consumo de cada prédio. “A partir de agora, o que pretendemos é ir monitorando cada atividade feita por nós e o que está sendo reduzido efetivamente.”