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Entrevista com Angela Rocha, candidata à Reitora da UFRJ para a gestão 2015-2019

A professora Angela Rocha é candidata ao cargo de Reitora da UFRJ, junto ao professor Carlos Rangel, da Faculdade de Farmácia, que integra sua chapa como vice. Com o lema “Juntos pela UFRJ: unidade na diversidade”, eles defendem nos debates que “a UFRJ deve deixar de ser vidraça e se tornar uma vitrine para a sociedade”.

Angela foi diretora adjunta de Graduação e coordenadora do curso de Matemática, implantou o programa de orientação acadêmica, idealizou e implantou o curso noturno de Licenciatura (1993), foi chefe do Departamento de Métodos Matemáticos e diretora do Instituto de Matemática. Entre 2011 e 2015, foi pró-reitora de Graduação da UFRJ, cargo do qual se afastou para concorrer à Reitoria da universidade.

Confira abaixo a íntegra da entrevista concedida por ela ao Portal UFRJ e ao informativo UFRJ Notícias:

Em 2010, apenas 1% dos alunos da UFRJ era de fora do estado do Rio. Hoje, 22% dos ingressantes são oriundos de outros estados. Além disso, a Lei de Cotas resultou no ingresso de um grande contingente de estudantes com renda per capita inferior a um salário mínimo e meio. Diante desse quadro, houve aumento na demanda por bolsas de apoio à permanência, auxílio e moradia. Qual a sua proposta para a assistência estudantil na universidade, considerando esse cenário?

É preciso entender assistência como política universal de direitos. É fundamental a adoção de medidas que englobem todo o corpo discente, como a implantação de restaurantes universitários, bibliotecas, laboratórios de ensino e extensão, centros de convivência, a disseminação de atividades culturais e artísticas em toda a universidade, entre outras. Esta política deve ser (re)pensada, necessariamente, em conjunto com as unidades acadêmicas que se dedicam a estudar estas questões. Deveremos sempre lutar junto a todas as esferas governamentais e o Congresso Nacional para o aumento das verbas e procurar fontes não tradicionais para aumentarmos nosso programa de bolsas, que já é o maior do país.

O incentivo à pesquisa, tanto na graduação como na pós, tem sido satisfatório? Qual a sua opinião sobre os editais publicados pelas agências de fomento como CNPq e Faperj, e de que forma  a UFRJ pode melhorar sua infraestrutura de laboratórios, nas mais diversas áreas de conhecimento?

Não tem sido satisfatório. A UFRJ deve assumir um papel propositivo e atuar junto aos órgãos de fomento na definição de editais que contemplem todas as áreas do conhecimento. Os editais devem ser direcionados para uma política de valorização e fixação do corpo docente. Uma estratégia é ter editais específicos para a consolidação de laboratórios de pesquisa multiusuários e de grupos interdisicplinares.

A segurança pública é uma preocupação constante da comunidade universitária. Qual a sua proposta para a segurança dos diversos campi da UFRJ?

A segurança pública deve ser articulada com a Diseg [Divisão de Segurança da UFRJ], que deve atuar como papel protagonista na proposta e definição de políticas de segurança da UFRJ. Entretanto, precisamos resgatar a possibilidade da contratação de vigilantes para os quadros do serviço público. Isso prejudica o desenho de uma política de segurança, que possa atender às reais necessidades da UFRJ.

Metade do orçamento de custeio da universidade é destinada à contratação de serviços terceirizados, como limpeza, segurança, portaria, recepção e copeiragem, entre outros. Existe alguma saída para a redução de gastos com esses serviços?

A questão da terceirização tem nuances de toda ordem. O Congresso Nacional debate o PL 4330, que amplia a terceirização, abrangendo os cargos das atividades-meio, como são hoje, e incluindo os cargos das atividades-fim, o que é extremamente preocupante. A terceirização, como é realizada, tem um problema social importante, pois afeta os trabalhadores, para os quais são impostas condições de contratação desfavoráveis. Há também a queda no nível de serviço prestado, que impacta nossas atividades-fim. A extinção de cargos no serviço público impacta a folha de custeio e acarreta uma perda na qualidade do serviço prestado à sociedade. Devemos lutar para restabelecer esses cargos.

A UFRJ tem nove hospitais universitários, que enfrentam dificuldades históricas, como quadro de pessoal deficitário e infraestrutura comprometida. O estabelecimento de um contrato com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), do Ministério da Educação, interfere na autonomia da universidade? Qual a sua proposta para a gestão desses hospitais?

Uma empresa externa à UFRJ compromete a nossa autonomia. É necessário construir, em conjunto com as unidades acadêmicas hospitalares da UFRJ, um projeto que viabilize os recursos financeiros necessários para a recuperação da infraestrutura física, modernização de equipamentos e contratação de recursos humanos. Os hospitais universitários não podem ser entendidos somente como unidades assistenciais do SUS, mas sim como unidades acadêmicas indispensáveis ao desenvolvimento de atividades de ensino, pesquisa e extensão voltadas para a formação de quadros de excelência.

O processo de expansão universitária exige mais infraestrutura, contratação de pessoal e investimentos diversos na universidade. Em contrapartida, vivenciamos um cenário de contingenciamento de verbas para a Educação no país e um aumento pouco expressivo no orçamento da UFRJ. Como deve ser a relação com o Governo Federal, para que a universidade tenha suas demandas orçamentárias plenamente atendidas?

Propomos a criação de uma Chancelaria de Relações Políticas e Institucionais com o objetivo de assumir a articulação política com o Governo Federal e o Congresso Nacional, através de ações propositivas, buscando inserir projetos relevantes para a UFRJ antes do fechamento do orçamento anual do MEC.

Saiba mais sobre as propostas da Chapa 10 no blog oficial dos candidatos e também na página do Facebook.