Vai até o dia 16 de maio o prazo para inscrição de resumos na “35ª Jornada Giulio Massarani de Integração Científica, Tecnológica, Artística e Cultural (Jictac) 2013”. Em 2012, o Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) foi o segundo centro em número de trabalhos inscritos, com 739, perdendo apenas para o Centro de Ciências da Saúde (CCS), que teve 1.210, mas que conta com onze unidades e onze órgãos suplementares, enquanto o CFCH abrange seis unidades e dois órgãos. No ano passado, apesar do período de paralisação dos funcionários da universidade e do redimensionamento do período da Jornada, 4 mil pessoas, entre expositores, orientadores e plateia, participaram das sessões. Em 2013, algumas mudanças ocorrerão no processo de seleção e apresentação dos trabalhos.
A principal delas, de acordo com Marcelo Macedo Corrêa e Castro, decano do CFCH, é conceitual, com o fim da disputa entre os trabalhos. “Não será mais uma prestação de contas para o CNPq. Consideramos que isso fere a proposta de formação dos estudantes e da Jornada como um lugar de reflexão acerca das Ciências Humanas”, afirma.
A partir dos relatórios dos últimos anos, a Decania do CFCH elegeu três coordenadoras-gerais: Leila Rodrigues, do Instituto de História (IH); Anna Marina Barbará Pinheiro, do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (Ifcs); e Cláudia Bokel, da Faculdade de Educação (FE), que serão responsáveis pela elaboração das mesas temáticas da Jornada no CFCH. Além da coordenação-geral da Decania, serão escolhidos representantes de cada unidade do Centro que darão apoio às atividades. “É preciso lembrar que não é possível hierarquizar, sem o risco de errar, trabalhos muitas vezes de níveis e naturezas distintas, com base em apresentações de vinte minutos. Em suma, interessa-me muito mais evitar o impacto de uma eventual frustração diante da não classificação para a fase seguinte do que identificar os ‘melhores’ trabalhos”, analisa Leila Rodrigues, vice-coordenadora de Pós-Graduação do CFCH.
Karina Kuschnir, professora do Ifcs e uma das coordenadoras do CFCH na Jornada de 2012, ao lado da professora Paula Poncioni, da Escola de Serviço Social (ESS), também elogia a iniciativa. “O modelo competitivo causa um desgaste muito grande em todos os envolvidos: organizadores, docentes, alunos e até funcionários. Além disso, o número e o sentido dos prêmios são insignificantes se comparados ao objetivo central do evento, que é de formação e aperfeiçoamento de quadros científicos”, avalia.
No sentido de buscar estimular não a competitividade entre os participantes, mas sim a pesquisa acadêmica, uma novidade a ser implantada em 2013 será a publicação de um trabalho de cada sessão na Revista do CFCH. De acordo com Anna Marina Barbará Pinheiro, coordenadora de Extensão do CFCH, a medida visa “contribuir com a divulgação dos trabalhos dos colegas e de seus orientandos, dando maior visibilidade à pesquisa que se realiza no CFCH”.
Ainda dentro da proposta do fim de um modelo competitivo, outra mudança é a redução de três para apenas uma fase. Dessa forma, os trabalhos não serão avaliados para serem selecionados para a etapa posterior. De acordo com Leila Rodrigues, a medida “favorecerá apresentações e debates mais ricos entre os participantes”. Karina Kuschnir explica que o relatório da Jornada de 2012 evidencia a intenção de “manter o formato acadêmico do evento, com sessões interdisciplinares, mas investindo na qualidade das apresentações e dos debates, de forma a contribuir para a formação dos alunos e fomentar o diálogo entre colegas docentes das várias áreas”. Segundo ela, “a própria avaliação externa do CNPq não valoriza a realização de uma competição entre os trabalhos”.
Presença do orientador
Quanto à presença dos orientadores nas apresentações de trabalho, Karina Kuschnir considera a exigência prevista no edital como fundamental, devido ao apoio aos alunos que, muitas vezes, apresentam trabalhos pela primeira vez, e ao trabalho desenvolvido pelos grupos de pesquisa. No entanto, a coordenadora do CFCH na Jornada de 2012 acredita que é preciso organização, o que significa, segundo ela, “realizar pareceres rigorosos nos resumos, organizar bem as sessões, tomando o cuidado para não sobrepor horários de um mesmo orientador, divulgar a programação com bastante antecedência, entre várias outras medidas que apontamos no Relatório de 2012”. No entanto, a docente alerta para um dado que independe dos coordenadores: os docentes que inscrevem alunos demais não conseguem acompanhar cada um com a devida atenção.
Já a professora Leila Rodrigues é contra a obrigatoriedade da presença do orientador. “Devo registrar que essa é uma posição pessoal, e não da coordenação da Jornada do CFCH. Mas acredito que o trabalho de orientação seja desenvolvido ao longo do ano e, ainda, que o evento seja um momento singular nesse processo; a relação entre orientador e orientando deveria garantir que ambos chegassem, independentemente de edital, a uma posição sobre a presença ou não do orientador na sessão”, afirma.
Integração Acadêmica
Outro desafio a ser enfrentado, de acordo com as coordenadoras, é a integração entre pesquisa e extensão e a própria integração entre as diferentes áreas de conhecimento. “No Congresso de Extensão vemos uma integração temática dentre diferentes cursos, não obstante os trabalhos apresentados serem cada vez mais próximos da iniciação científica”, analisa Lilia Guimarães Pougy, vice-decana e coordenadora de Pós-Graduação do CFCH. “A integração acadêmica na UFRJ e no CFCH precisa ser melhorada e experimentada. Por que não realizar sessões conjuntas em torno de temas comuns?”, sugere.
Para buscar atender a essa demanda, estão sendo elaboradas mesas integradas com a temática “Direitos Humanos e Justiça”, que incluirão também trabalhos do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE), a serem realizadas na Praia Vermelha, campus que abriga ambos os centros. “Creio que, assim, seja dado mais um passo no sentido da integração entre extensão e pesquisa, na medida em que teremos mesas integradas e integraremos CFCH e CCJE”, explica Anna Marinna Barbará Pinheiro.
Na opinião de Leila Rodrigues, a experiência das Semanas de Integração Acadêmica, em 2006, 2008 e 2010, e as Jornadas de Pesquisadores foram positivas, assim como o “9º Congresso de Extensão”, realizado no campus da Praia Vermelha. “Foi um passo importante na busca pela maior integração. Mas ainda há certamente muito a fazer a respeito. Temos, portanto, conversado com as coordenações da Jictac (PR-2) e do Congresso de Extensão (PR-5), que, assim como nós, têm demonstrado interesse na ampliação da integração”, afirma.
Para Karina Kuschnir, orientando e orientador devem pensar na melhor maneira de encontrar a integração. “Como aprofundar um conhecimento, de forma consistente, e, ao mesmo tempo, conseguir estabelecer pontes e diálogos com outras áreas?”, indaga. Segundo ela, a questão é tratada com relevância pelas agências de fomento. “Não basta divulgar resultados de pesquisa apenas para os seus ‘pares’, isto é, pessoas da sua própria especialidade acadêmica. É preciso fazer um esforço para traduzir nossas ideias de forma a serem compreendidas por um público mais amplo, acadêmico ou não. Esse esforço também faz parte do papel da universidade perante a sociedade que a financia”, analisa.
Serviço
"35ª Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Tecnológica, Artística e Cultural (Jictac) 2013"
Prazo para inscrições de resumos: de 15 de abril a 16 de maio
Mais informações no site da Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (PR2)