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A Copa e as Olimpíadas entram em debate na UFRJ

No último dia 14 (terça-feira), aconteceu no auditório do CFCH  o debate sobre jornalismo esportivo “Em Campo com os Grandes Eventos”. O objetivo principal era trazer o conhecimento de profissionais das diferentes áreas do jornalismo para reforçar a ideia de que aqueles que trabalham na área de comunicação precisam se preparar para cobrir de forma eficiente os grandes eventos que estão por vir.

À tarde, com o tema “Cobertura dos Grandes Eventos: Copa e Olimpíadas”, a mesa 2 contaria com quatro palestrantes e mais o mediador, Fernando Ewerton, professor da Escola de Comunicação (ECO−UFRJ). Porém, devido à convocação da seleção brasileira para a Copa das Confederações, Maurício Fonseca, jornalista de O Globo, e Ana Prudente, jornalista do Lance TV, não puderam comparecer.

Fernando abriu o debate dando uma perspectiva geral do que os cariocas e principalmente os profissionais de comunicação podem esperar dos próximos anos com relação aos grandes eventos. “Teremos seis jogos da Copa, ou seja, 12 países atuando no Maracanã, o que significa que serão jornalistas de outros 12 países do mundo passando por aqui no ano que vem, alguns já vindo agora na Copa das Confederações”,  afirma o professor.  Segundo ele, um dos argumentos para a escolha do Rio de Janeiro como cidade-sede da Copa e das Olimpíadas era a perspectiva de internacionalização da cidade, com a expectativa de que isso trouxesse tanto melhorias físicas como a consolidação da marca.

Ewerton ressaltou a importância do trabalho voluntário para a realização dos eventos. Mais de mil voluntários são esperados para as Olimpíadas de 2016. Para ele, essa é uma grande oportunidade para quem está no mercado ou deseja entrar, podendo viver o evento de perto, adquirir experiência e conquistar fontes. “Aqui nas Olimpíadas os idiomas oficiais serão o francês, o inglês e o português. Então, aqueles que ainda não sabem inglês o suficiente, ou sabem o início do francês e querem aperfeiçoar, os próximos três anos serão mais do que suficientes para se aperfeiçoarem e atuarem nesses eventos.” E ele ressalta que mesmo aqueles que não estejam trabalhando em um veículo credenciado podem participar da cobertura. São esperados 25 mil jornalistas para a Rio 2016. “A Copa vem também com um contingente grande, mas de forma diferente, já que os jogos vão estar distribuídos pelo Brasil.”

O professor da ECO reforçou ainda a relevância dos jogos paralímpicos, que em Londres lotaram os estádios, enquanto os jogos convencionais deixaram lugares vazios. Outro ponto tratado por ele foi o dos direitos da transmissão dos jogos, que, por mais que sejam comprados por uma emissora, essa deverá retransmitir a informação em boletins diários para os demais veículos de comunicação do país.

O segundo a falar foi Sérgio Morais, fotojornalista da agência Reuters. Sérgio já cobriu olimpíadas e copas do mundo por dois meios diferentes: jornais e agência de notícias Reuters. “A cobertura é muito diferente. No jornal, normalmente vão um ou dois fotógrafos para olimpíadas. Na Reuters vão 84  pessoas, entre editores e fotógrafos, com no mínimo um fotógrafo por esporte. Os editores vão em números bem menores, cada um cobrindo em média três esportes”, disse. Ainda segundo ele, as agências têm alguns privilégios, como espaços exclusivos etc. Morais mostrou algumas fotos feitas por ele nos eventos esportivos, numa sequência dividida por esporte. Dentre os eventos estavam olimpíadas, pan-americanos, entre outros.

Eugênio Leal, radialista da Rádio Tupi, foi o terceiro palestrante, tratou dos vários fatores que englobam uma cobertura. Segundo Leal, em eventos que têm a mídia mundial inteira na  cobertura, o jornalista deve procurar se diferenciar. “O grande desafio é encontrar o seu caminho, encontrar o seu foco, encontrar o seu espaço dentro da cadeia de comunicação, de informação. Você vai ter milhões de informações e aí precisará ter a  informação que é só sua.” Outro ponto importante destacado pelo jornalista foi a necessidade de adaptar a informação ao público e ao veículo com que trabalha. “Não valia a pena, por exemplo, fazer uma entrevista com um atleta holandês para o rádio, ninguém ia entender nada.”

Eugênio contou um pouco da sua experiência nas últimas duas copas do mundo e demonstrou preocupação com a estrutura do Brasil e do Rio de Janeiro para receber esse evento. “Lamentavelmente eu acho que nós brasileiros vamos pagar um belo de um mico na Copa do Mundo, não temos nada de estrutura, nem mesmo comparando-se com a África do Sul. Nada de estrutura para receber a quantidade de gente que vem, a quantidade de amigos jornalistas que vêm.”

Para ele, mesmo com a Copa concentrando menos gente na cidade do que as Olimpíadas, e o centro de imprensa sendo aqui, haverá um grande número de jornalistas soltos pelo Rio. “Vai ter um contingente muito grande no Rio de Janeiro o tempo inteiro. Vai ser a base de imagem de televisão e de áudio, para o evento ser transmitido para o mundo todo. E os jornalistas vão estar à solta, andando pela cidade, e vão mostrar tudo que virem pela frente. Tanto as coisas boas, quanto as ruins. E vai ter muita coisa ruim, a gente sabe. A nossa estrutura, principalmente de transportes, é uma vergonha. Aeroportos, trens, estradas esburacadas, engarrafamentos para todos os lados. A gente vai sofrer bastante, vai tomar muita pancada da mídia internacional”, opinou. E o jornalista terminou revelando que espera que a cidade e o país possam aprender com os erros, e corrigi-los para as Olimpíadas.

Logo após as palestras, a sessão foi aberta para perguntas que envolveram questões como por que a imprensa não divulga os problemas estruturais da cidade, como funciona o sistema voluntário, os legados que serão deixados pelo evento e os centros de imprensa não credenciados.

O mediador, então, encerrou o debate e demonstrou o interesse em repeti-lo, no mínimo de ano em ano, a fim de acompanhar o caminho para esses grandes eventos. Foi inaugurada também uma exposição fotográfica na Galeria Vitrine ECO, que ficará aberta até 27 de maio.