Segundo especialistas, há o risco de uma grande epidemia neste ano, uma vez que surge um novo tipo de dengue, o 4, e há a previsão da volta do tipo 1 da doença.

"> Segundo especialistas, há o risco de uma grande epidemia neste ano, uma vez que surge um novo tipo de dengue, o 4, e há a previsão da volta do tipo 1 da doença.

">
Categorias
Memória

Aumentam os riscos da dengue tipo 4 no verão

Segundo especialistas, há o risco de uma grande epidemia neste ano, uma vez que surge um novo tipo de dengue, o 4, e há a previsão da volta do tipo 1 da doença.

 O estado do Rio de Janeiro teve 168.242 casos de dengue em 2011. Durante todo o ano, 140 pessoas morreram, vítimas do vírus da doença. Esses são os números notificados nos 92 municípios fluminenses no ano passado, conforme último balanço da Secretaria de Estado da Saúde.

O maior número de mortos ocorreu na capital fluminense, com 51 vítimas. As cidades da Região Metropolitana do Rio também tiveram mortes registradas: 17 pessoas em São Gonçalo, nove em Duque de Caxias, oito em Nova Iguaçu e seis em São João de Meriti.

Como acontece em todo verão, a dengue preocupa as autoridades e a população. Segundo os especialistas, há o risco de uma grande epidemia neste ano, uma vez que surge um novo tipo de dengue, o 4, e há a previsão da volta do tipo 1 da doença, que circulou no estado em meados dos anos 80. “Espera-se uma epidemia em níveis nunca antes imagináveis. Isso porque a população abaixo de 25 anos está vulnerável ao tipo 1. Temos 100% da população vulnerável ao tipo 4 e um número, muito próximo também de 100%, com grande chance de já ter contraído a doença pelo menos uma vez, o que leva à maior gravidade dos casos”, explica Edmilson Migowski, infectologista e diretor do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG−UFRJ).

Diferenças dos vírus

Em todo o mundo, existem quatro tipos de dengue, já que o vírus causador da doença possui quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. No Brasil, já foram encontrados os tipos 1, 2, 3 e 4.  O vírus tipo 4 não era registrado no país há 28 anos, mas em 2010 foi notificado em alguns estados, como Amazonas e Roraima.  Ele apresenta risco a pessoas já contaminadas com os vírus 1, 2 ou 3, que são vulneráveis à manifestação alternativa da doença.

“Quanto à agressividade, do ponto de vista biológico e virológico, não há muita diferença entre os tipos. O que torna a dengue tipo 4 mais virulenta é estar em uma população que provavelmente já foi infectada por outros tipos”, aponta o professor. Ele alerta ainda que uma pessoa pode ter sido infectada, mas não ter apresentado os sintomas da doença. 

Ações

Para evitar a epidemia de dengue neste verão, a Secretaria de Estado da Saúde lançou, no ano passado, a campanha “10 Minutos contra a Dengue”, com a finalidade de conscientizar a população para o engajamento no combate aos focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença. O objetivo é estimular as pessoas a investir dez minutos da semana eliminando possíveis criadouros em suas casas.

A campanha foi elaborada em conjunto com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e inspirada em uma das estratégias adotadas pelo governo de Cingapura para controlar a doença, conseguindo interromper a epidemia que o país enfrentou em 2004 e 2005. O problema da dengue não está apenas na saúde. É também uma questão a ser resolvida pelas secretarias e ministérios da Educação, Cultura, Cidades, Obras e outras pastas.

Para Migowski, as ações pontuais são importantes, mas é preciso ainda mais desenvolver políticas de controle da doença. “Existem outros países com climas semelhantes ao nosso, mas que não têm a dengue preocupando na proporção que preocupa aqui. Em Miami, por exemplo, tem clima favorável, chuva, população e mosquito. Mas por que não tem dengue? Isso acontece pela educação, o fornecimento de água é regular, as pessoas não precisam colocar caixa d’água, reservatório ou cisterna, o recolhimento de lixo é regular, a população é orientada e sabe que se acumular lixo será multada. Mas essa não é a realidade brasileira. E as consequências são essas que a gente pode imaginar”, compara o professor.

Sintomas

Entre os sintomas da dengue clássica, é preciso observar febre alta com início súbito; forte dor de cabeça; dor atrás dos olhos, que piora com o movimento dos mesmos; perda do paladar e apetite; manchas e erupções na pele semelhantes ao sarampo, principalmente no tórax e membros superiores; náuseas e vômitos; tonturas; extremo cansaço; moleza e dor no corpo e muitas dores nos ossos e articulações.

Já na dengue hemorrágica, a população deve se preocupar com os sintomas que surgem assim que a febre acaba, o que pode acontecer entre o quarto e quinto dia: dores abdominais fortes e contínuas; vômitos persistentes; pele pálida, fria e úmida; sangramento pelo nariz, boca e gengivas; manchas vermelhas na pele; sonolência, agitação e confusão mental; sede excessiva e boca seca; pulso rápido e fraco; dificuldade respiratória e perda de consciência.

Prevenção

O poder público é responsável pelos logradouros públicos, pelos carros nos depósitos do Detran, pelos chafarizes na cidade. A participação dos cidadãos no combate ao mosquito é fundamental. Isso porque 90% dos focos do Aedes aegypti estão localizados na casa das pessoas.

A UFRJ, através da parceria do IPPMG e do Laboratório de Virologia do Instituto de Microbiologia Paulo Góes (IMPG), está avaliando um produto natural e os resultados são surpreendentes  na inibição do vírus. Como não foi concluída, a pesquisa ainda está sendo mantida em sigilo.