No terceiro dia de apresentações da “33ª Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Artística e Cultural” (Jicac-2011), alunos do Instituto de História (IH) debateram relações de poder dos séculos XV ao XIX, trazendo à reflexão questões como a burocracia e o clientelismo, ainda em voga nos dias de hoje. Os trabalhos foram avaliados por Beatriz Heredia, professora de Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (Ifcs), e Gracilda Alves, professora de História Medieval do Instituto de História (IH), ambos da UFRJ.
A primeira pesquisa, do estudante Renan Escarlate, apresentou a criação do Tribunal do Santo Ofício em Portugal, em um cenário em que política e religião são igualmente importantes na tomada de decisões. “Atualmente, mesmo sendo um Estado laico, o Brasil sofre grande influência da Igreja Católica, o que representa uma herança de sua antiga metrópole”, afirmou Gracilda.
Já o trabalho de Hiran Alem analisou a arquearia inglesa no século XVI, visando analisar o arco longo e seu papel na formação da identidade inglesa, principalmente no âmbito militar. Essa prática é associada a uma suposta natureza inglesa, bem como a um dom divino, por Roger Ascham e Sir John Smythe, em obras publicadas nesse período.
O terceiro trabalho, de Douglas Baptista, tratou das relações clientelistas no Brasil, que são recorrentes ainda hoje, “principalmente quando vemos que a população continua subalterna e disposta a prestar serviço, mantendo relações verticais de afinidade, ao invés de defenderem as classes a que pertencem”, acrescentou a docente.
A seção contou ainda com a apresentação do trabalho de Rodrigo da Costa sobre representações hispânicas e anti-hispânicas no continente americano. A pesquisa esboçou a necessidade de uma identidade nacional espanhola pautada em contraposição à ideia do outro, no caso, o indígena. Este passa a ser o modelo do “não ser”, uma vez que é tido como inferior pelos colonizadores. “Bartolomeu de Las Casas, porta-voz da visão anti-hispânica, também compartilhava dessa ideia de superioridade espanhola, mas, por isso mesmo, era contra a violência que matou cerca de 12 milhões de pessoas. Violência não legitima nada”, explicou Beatriz Heredia.
Por último, o estudante Michel Teixeira analisou a relação entre nação e identidade nacional nos escritos de Domingo Sarmiento, sob a perspectiva de Skinner, na qual os escritos são analisados de acordo com o contexto da época em que foram escritos. Desta forma, é plausível a ideia de Sarmiento sobre a industrialização da Argentina como caminho para o progresso, já que teve como referência os Estados Unidos do fim do século XIX.