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Reflexões sobre o homem em congresso de engenharia

 Agência UFRJ de Notícias
  

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“A área do entretenimento está em plena expansão no mundo e no Brasil.” Tendo essa ideia em questão é que o Laboratório de Engenharia do Entretenimento (LEE), coordenado pelo professor José Augusto Kamel, promoveu o "Congresso de Engenharia do entretenimento", sob o tema “O que é o homem?”.

O congresso começou na manhã dessa quarta-feira (dia 14) com a museóloga do Museu de História Natural, profª. Simone Mesquita, refletindo sobre a definição do que é o homem. Também estavam presentes os professores de Engenharia de Produção, Luiz Antonio Meirelles e o coordenador do LEE.

Do ponto de vista artístico apresentado por Simone, que tem mestrado e doutorado pela Escola de Belas Artes da UFRJ, o homem é “aquele que é capaz de produzir arte, artefatos e estabelecer uma linguagem.” Sua afirmação tem como base os departamentos de pesquisa do Museu Nacional, que vão desde Antropologia Social e Linguística, até Geologia e Paleontologia.

Segundo a museóloga, o homem é o único animal capaz de transformar as coisas. E o museu é o único lugar capaz de congregar todas as áreas do conhecimento. “Não acredito que as questões do museu estão fora das questões das pessoas”, completou o professora Kamel.

A relação do museu com a comunicação humana

Durante as reflexões na mesa, colocou em questão que “o museu é o lugar que talvez tenha a resposta para ‘O que é o homem? ’”, como disse a professora Simone. Atualmente a falta de identificação e de interesses sociais em relação ao patrimônio histórico é um obstáculo para se responder essa questão. Como afirmou o professor Meirelles, “o conhecimento não está na pauta do dia".

“As exposições não podem mais ser feitas como antigamente, têm que ter um conceito. Mas, ao mesmo tempo, elas têm que ser orientadas”, explicou a museóloga. Ela alertou para o fato de que “nas exposições interativas as pessoas querem tocar, querem mexer. Mas o problema é que podem quebrar os itens expostos, e muitas vezes faltam recursos para a manutenção".

Buscando aumentar o interesse do público em relação à "Feira de Ciências do Museu Nacional" (que este ano aconteceu nos dias 1, 2 e 3 de julho), a professora Simone pediu a ajuda do professor Kamel para inovar a apresentação do Departamento de Restauração e Conservação, que ela dirige. Queria fazer um trabalho diferente, impactante para os visitantes.

O resultado final foi uma apresentação com o tema de Star Wars, série de filmes criada pelo cineasta norte-americano George Lucas. Todos os pesquisadores e estagiários do departamento foram vestidos a caráter. Entretanto, a resposta do público não foi exatamente a esperada. “Crianças rasgaram a minha roupa de Darth Vader na feira porque queriam o kit que estava sendo distribuído. O que importa para as pessoas é o que elas ganham, e não o museu”, relatou a professora.

Para contornar essa situação de indiferença em relação ao patrimônio, é preciso fazer as pessoas entenderem primeiro o que é o museu e o que ele representa para a sociedade. Bem como ensinar às pessoas a importância dos acervos, fazer uma “educação patrimonial”, segundo Simone.

Outro problema apresentado sobre a questão do conhecimento é o individualismo entre as áreas de pesquisa. Como explicou a museóloga, “a Academia e o Museu estão muito afastados do lado prático (das pesquisas). Cada um faz o seu trabalho e não vê o do outro.” Para ela, “se todas as áreas do museu se unissem, talvez pudéssemos responder o que é o homem".

A engenharia precisa de integração com as outras áreas

Em uma parte da conversa dos docentes, foi visto como objeto de reflexão o próprio símbolo do congresso. É um esqueleto segurando uma flor e cercado por vários objetos de preocupação do homem contemporâneo. “Quais seriam as características desse esqueleto que nós vemos hoje? Ele se preocupa com diversão, com internet, com aparelhos digitais. Mas também com trânsito, com saúde, com alimentação”, explicou o professor Kamel.

Como relatou o professor Meirelles, o congresso tem como objetivo “refletir sobre as atividades de entretenimento e seus problemas, desde museus até palavras-cruzadas”. Atualmente, “há uma necessidade de os engenheiros se relacionarem com outras áreas para realizarem seus trabalhos. Para fazermos engenharia precisamos entender a forma de expressão humana, essa parte importante para a vida".