Ocorreu, na última terça-feira (28/06), às 18h, no Auditório Professor Manoel Maurício de Albuquerque, no prédio do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) da UFRJ, a mesa redonda A Praia Vermelha como um lugar histórico-cultural, última do seminário UFRJ em debate: A situação da Praia Vermelha. O evento contou com a presença do professores Muniz Sodré, da Escola de Comunicação (ECO); Carlos Vainer, do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur) da UFRJ; e Edwaldo Cafezeiro, da Faculdade de Letras (FL), sob mediação de Flora de Paoli Faria, decana do Centro de Letras e Artes (CLA).
De acordo com Muniz Sodré, os cursos não devem sair da Praia Vermelha. Já Carlos Vainer afirma os cursos se centralizarem na Ilha do Fundão está de acordo com o Plano Diretor UFRJ 2020, votado pelo Conselho Universitário depois de três anos de discussões, e que “a universidade deve ser pensada de maneira integrada e ligada à cidade”. No entanto, o docente afirmou que “todas as faculdades têm autonomia para decidirem onde se alocarão”.
Valor histórico e Plano Diretor
Segundo Muniz Sodré, a ocupação do Palácio Universitário, em 1971, pela ECO-UFRJ, foi sua forma de preservação. Para ele, desocupar o espaço irá permitir que ele seja degradado. Com isso, o docente argumenta que utilizá-lo até os dias de hoje para ensino não o estaria prejudicando. Sodré afirmou também que não concorda com a concentração de toda a UFRJ em um único local. “É essencial manter e preservar a Praia Vermelha, e não se confinar em uma ilha”, disse Sodré. “Temos que repensar politicamente o papel desse local”, completou o docente.
Já para Carlos Vainer, a universidade deve ser pensada em parceira com a cidade do Rio de Janeiro. Segundo ele, a expressão central do Plano Diretor da UFRJ é “universidade integrada que se integra à cidade”. Em argumentos sobre os benefícios da expansão no campus da Cidade Universitária, o professor do Ippur-UFRJ disse que a maioria dos alunos da UFRJ vem de outras regiões da cidade e do estado, que não a Zona Sul. Ele afirmou também que o local é estratégico, localizando-se próximo das zonas norte, oeste e Baixada Fluminense.
Ainda de acordo com Vainer, a Praia Vermelha deve ser vista como parte integrante da UFRJ, como uma agente de políticas culturais da universidade e também como um patrimônio da população. O docente enfatizou que “vender e privatizar o local” está fora de discussão no momento. No entanto, o docente lembrou que o Palácio Universitário é inadequado para atividades de ensino e pesquisa, por uma questão estrutural. “O futuro do Palácio não deve ser o de se fazer mais gambiarras para instalar computadores”, disse Vainer.
Sobre as diretrizes do Plano Diretor, Vainer assegurou que não haverá transferência forçada de nenhuma unidade. Mas que, no campus da Praia Vermelha, devem ser mantidas condições e garantias reais de funcionamento das atividades. A intenção do Plano para o campus é a de, segundo Vainer, criar um espaço cultural, centro de convenções inter-universitário (unindo a UFRJ à UFF, Uerj, UFRRJ e UniRio), em convivência com as unidades que desejem permanecer na Praia Vermelha.
Ato-show
O evento gratuito UFRJ em debate: A situação da Praia Vermelha vai até esta quinta-feira (30/06), com um ato-show no campo de futebol da Escola de Educação Física e Desportos (EEFD) da UFRJ, às 18h, com a presença de Monarco, da Velha Guarda da Portela, a cantora Maíra Freitas e convidados da UFRJ. O campus da Praia Vermelha fica na Avenida Pasteur, 250, Urca.