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O Transtorno de Estresse Pós-Traumático

O psiquiatra William Berger, do Instituto de Psiquiatria (Ipub) da UFRJ, apresentou, no último dia 28, uma palestra sobre o Transtorno de Estresse Pós-Traumático Crônico (TEPT) e seu tratamento para alunos da unidade. Berger é doutorando em Psiquiatria pelo Ipub-UFRJ e aluno visitante da Universidade da Califórnia.

O TEPT é a mais grave das possíveis respostas patológicas a eventos traumáticos que colocam em risco a vida, tal como assaltos, sequestros, guerras ou catástrofes naturais.  A patologia é o transtorno de ansiedade que mais gera prejuízos financeiros nos Estados Unidos, onde somente 4% dos casos são diagnosticados. Enquanto nos EUA, a maioria dos casos tem relação com soldados que voltam de guerras, a maior causadora do transtorno no Brasil é a violência urbana.

Resistente à farmacoterapia, o transtorno pode ser considerado agudo se ocorre por até três meses, ou crônico e refratário ao tratamento. O TEPT lesa o hipocampo, região importante do cérebro, e mesmo quando tratado com as drogas de primeira linha, as taxas de resposta raramente chegam a 60%.

Baseando-se em seu trabalho como pesquisador do Laboratório de Pesquisa Integrada em Estresse (Linpes) e no estudo que realizou em 2010 na Universidade da Califórina, Berger afirmou que a sintomatologia é mais importante do que a experiência específica vivida pelo paciente.  O palestrante citou estudo sobre o TEPT realizado pelo Ibope, em  parceria com universidades de São Paulo e do Rio Grande do Sul, que revelou que, no estado do Rio de Janeiro, 3,3% dos entrevistados tinham apresentado sintomas no último ano.

O estudo de Berger também relacionou o TEPT com o Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro (da sigla em inglês, BNDF), substância encontrada no cérebro, estimulante da produção de neurônios e responsável pela plasticidade cerebral. Dentre as neurotrofinas, o BDNF é a mais abundante e amplamente distribuída pelo sistema nervoso central. A hipótese inicial do grupo de estudo era de que havia relação entre os níveis de BDNF no cérebro do paciente e uma boa resposta ao Escitalopram (antidepressivo utilizado no tratamento do TEPT). No entanto, essa hipótese não foi comprovada e o papel da substância na etiologia (estudo das causas) e tratamento do TEPT está longe de ser compreendido.

Berger ressaltou a necessidade de novos estudos e do desenvolvimento de novas drogas, pois apenas cerca de 20% dos pacientes alcançam a remissão, ou seja, não apresentam mais sintomas.

O Grupo de Estudos, coordenado pelo professor Elie Cheniaux, acontece todas as sextas-feiras, às 10h30 no Auditório Leme Lopes do Ipub-UFRJ, no campus da UFRJ na Praia Vermelha.