Nos últimos anos a obesidade tem aumentado consideravelmente em nível mundial. O ser humano, graças ao modo de vida urbano, vem comendo cada vez pior. O consumo de alimentos industrializados já causa estatísticas preocupantes não só a respeito de sobrepeso ou obesidade, mas também de doenças crônicas degenerativas.
Embora prejudiciais, os alimentos industrializados são um mal necessário. Com a população mundial de hoje não se pode mais depender de produtos perecíveis, que também custam caro para produzir em larga escala. Para falar mais sobre esse assunto de tanta influência no cotidiano, entrevistamos a professora Glória Valéria da Veiga, do Instituto de Nutrição Josué de Castro (INJC/UFRJ).
Segundo a professora, o grande problema dos produtos industrializados não são eles mesmos, mas, sim, o consumo desbalanceado que ocorre no mundo. “Dizer que faz mal ou faz bem já é começar errado. O que acontece é um consumo excessivo destes produtos [industrializados]”, explica a professora Glória.
Mas também os produtos industrializados têm seus males. Segundo Glória Valéria, os componentes de produtos industrializados mais relacionados a doenças degenerativas como a insuficiência renal e o câncer, são os conservantes usados para dar mais vida útil ao alimento, por exemplo, o sódio e o nitrito.
Com a disseminação de informações relacionadas aos males provocados por certos componentes, a indústria de alimentos sofreu mudanças e teve que se adaptar às novas demandas de mercado. “Quando começaram a falar dos ácidos graxos a indústria começou a lançar produtos sem gorduras trans, mas não porque a indústria é boazinha, mas porque a demanda do mercado mudou”, aponta a professora.
Os produtos light, diet e sem gorduras trans inundaram as prateleiras do supermercados, mas eles apenas trocam um conservante por outro. Os ácidos graxos, por exemplo, foram substituídos pelo óleo de palma, que também é prejudicial, segundo Glória Valéria.
Legislação desrespeitada
A professora Glória Valéria diz que outra questão a respeito dos alimentos industrializados é o não cumprimento da legislação vigente em relação ao limite do uso de conservantes. “Existe uma legislação para isso tudo, mas nem sempre ela é respeitada”, afirma a professora. Segundo ela, seria válido que produtos dentro destas normas tivessem o rótulo qualificado como saudável, ou algo do tipo. A medida, que funcionaria em curto prazo, serviria para auxiliar a população na escolha dos alimentos e, assim, diminuir os índices tanto de doenças quanto de obesidade.
Porém, segundo Glória Valéria, o ideal é que haja uma educação nutricional para a população, uma conscientização em massa para apurar o bom senso das pessoas na hora de escolher a alimentação. “A população tem que saber os efeitos que os componentes destes alimentos industrializados produzem no corpo para terem uma alimentação melhor”, resume a professora Glória.