O Instituto de Economia (IE) da UFRJ realizou, no último dia 19, o seminário de pesquisa "Experiences from World cup in South África – first thoughts about implication for Brazil 2014" (Experiências da Copa do Mundo de 2010 na África do Sul – primeiras reflexões sobre implicações para o Brasil 2014). A palestra foi ministrada pelo professor Luiz Martins de Melo, que falou sobre Economia Esportiva, com enfoque na realização de megaeventos como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos no Brasil. O seminário baseou-se em um trabalho apresentado pelo professor, em junho de 2010, na Universidade de Hamburgo, na Alemanha, avaliando os impactos econômicos em locais que recebem megaeventos esportivos.
O foco da palestra foi a cidade do Rio de Janeiro, não só durante a Copa de 2014, quando a cidade sediará alguns dos jogos, mas, principalmente, durante as Olimpíadas de 2016, quando o Rio abrigará a totalidade do evento. Melo lembrou que, a propaganda dos referidos eventos podem trazer um desenvolvimento significativo para o país ou a cidade que os sedia, como a melhoria do sistema de transportes, da segurança, de infraestrutura para atividades esportivas. No entanto, o professor argumenta que as experiências anteriores comprovam que o legado deixado é muito pequeno no que se refere a esses aspectos, dado que foi inclusive comprovado por relatório realizado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). De acordo com o docente, “as melhorias impulsionadas pela Copa e Olimpíadas não são perenes e, por serem feitas de acordo com demandas externas, não refletem as reais necessidades do país ou cidade que as sedia”.
Segundo o especialista, a estrutura de segurança e transporte, dois fatores muito citados quando se fala na realização de eventos esportivos, “é transformada de modo a assegurar, sobretudo, o bom funcionamento do evento em si, e não para melhorar a qualidade de vida do cidadão que habita a cidade sede”.
Além disso, ainda de acordo com o docente, existem os grandes “elefantes brancos” deixados após a realização dos eventos. Melo cita os complexos esportivos construídos na China para os Jogos Olímpicos de 2008. “São imensas estruturas que demandaram altíssimos gastos e que, após os jogos, não estão disponíveis à população para o desenvolvimento e prática de atividades físicas”, exemplifica.
Porém, apesar de a realização dos eventos não garantir uma melhoria da qualidade de vida dos moradores das cidades onde são realizados, o docente ressalta que eles podem trazer um legado intangível: “A elevação da auto-estima da população local e seu maior reconhecimento como povo e comunidade. Esse fator, mesmo que impalpável, não deve ser desconsiderado nem menosprezado”, conclui o professor.