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Memória

Exposição celebra 65 anos da FAU

Para comemorar os 65 anos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU-UFRJ), segue em cartaz, até o dia 3 de junho, a exposição “FAU 65 – [RE] Conexão e Futuro”, no Centro de Arquitetura e Urbanismo (CAU). A mostra apresenta trabalhos realizados por alunos que passaram pela unidade ao longo da história, destacando os grandes arquitetos brasileiros formados na FAU. Três professores da FAU são os curadores da exposição: Maria Cristina Cabral, Maria Paula Albernaz e Andrés Pessaro. A CAU fica na Rua São Clemente, 117, em Botafogo.

O evento – que conta com a exposição de desenhos, fotos, vitrines com objetos e um vídeo com depoimentos – foi apresentado em 2010 na própria faculdade, na Cidade Universitária. “A intenção com esta segunda montagem é estender o público da exposição para os não frequentadores da Ilha do Fundão, interessados em Arquitetura e Urbanismo, ampliando a interlocução da Faculdade com setores externos”, explica a professora Maria Paula Albernaz.

“O evento comemora o marco institucional de criação da Faculdade Nacional de Arquitetura em consequência da separação do ensino de Arquitetura da Escola Nacional de Belas Artes, em 1945”, salienta a professora sobre a história da FAU. Ela lembra que a FAU pode ser considerada a herdeira do curso de Arquitetura mais antigo no Brasil, inaugurado no início do século XIX.

História

A Faculdade tem sua origem na Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, fundada em 1816 por D. João VI. A Coroa portuguesa criou a escola devido à chegada de uma comitiva francesa de artistas, acolhida por D. João na esperança de que eles pudessem ajudar nos processos de renovação do Rio de Janeiro e de afirmação da corte no país.

Devido a problemas burocráticos entre os dois países e o desconhecimento dos brasileiros sobre a importância cultural das artes, a escola só começa a funcionar de fato com a instalação da Academia Imperial das Belas Artes. Com o advento da República, no final do século XIX, a Academia muda o nome para Escola Nacional de Belas Artes. Em 1945, a então chamada Faculdade Nacional de Arquitetura seria desvinculada da Escola. Após a mudança definitiva para a Cidade Universitária, em 1961, a instituição foi  rebatizada com o nome atual de Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU).

A exposição busca relembrar os grandes nomes que passaram pela instituição, como os irmãos Marcelo, Mílton e Maurício Roberto, pioneiros na introdução do modernismo no Brasil. O estilo de seus projetos fazia parte da chamada “Escola Carioca” que predominou nos anos 40 e 50, tentando dar às construçoes um brazilian style como contraponto ao international style. Os irmãos projetaram, em 1936, o edifício-sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e o Aeroporto Santos Dumont, nos anos 40.

Outro aluno da faculdade, o arquiteto Jorge Machado Moreira, formado em 1932, foi o  responsável pela equipe que fez o plano urbanístico e arquitetônico do campus da UFRJ, na Cidade Universitária. O prédio da atual FAU foi projetado por ele, seguindo os princípios da arquitetura moderna.

Já Afonso Eduardo Reidy, formado em 1930, projetou o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), com o projeto paisagístico de Burle Marx, também ex-estudante da UFRJ.

Oscar Niemeyer, o mais conhecido dos arquitetos brasileiros, formou-se na Escola de Belas Artes, em 1934. Ele tem inúmeras obras famosas, como o Parque do Ibirapuera, o Conjunto Arquitetônico da Pampulha, o Palácio da Alvorada, o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional. O reconhecimento internacional de Niemeyer veio com o prêmio Pritzker, em 1988, conhecido como o “Nobel da arquitetura”.

Segundo os organizadores da exposição, a UFRJ ajudou a projetar o país, formando profissionais competentes e criativos. A exposição “FAU 65” mostra a caminhada da instituição e do país em busca de uma identidade nacional através de suas construções.

A professora Maria Paula Albernaz destaca esse aspecto, ressaltando os depoimentos que fazem parte da exposição: “Encontramos uma parte significativa da história da FAU que, por vezes, se confunde com a história da Arquitetura, da cidade e do país, resgatando aspectos variados da formação do arquiteto e urbanista.Os depoimentos nos brindam também com ensinamentos sobre a Arquitetura brasileira através de reflexões contemporâneas e com propostas para o ensino”.