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Seminário debate o novo cenário de convergência midiática

Na tarde da última sexta-feira (5/11), aconteceram as duas últimas mesas-redondas do I Seminário Internacional Convergência das Mídias: Regulação para a Cidadania. O evento, promovido pelo Grupo de Pesquisa em Políticas e Economia política da Informação e da Comunicação (Peic-Eco-UFRJ) e o Instituto Nupef (Núcleo de Pesquisas, Estudos e Formação), foi realizado em três dias na Casa da Ciência.

Com o tema Cidadania e convergência no Brasil: mapa atual e perspectivas, os convidados da mesa 3 traçaram as bases do processo de convergência e debateram questões relativas ao direito à comunicação. Segundo João Brant, do Coletivo Intervozes, os problemas que estão em jogo hoje são comuns ao cenário pré-convergência, citando o exemplo da radiodifusão brasileira. “A lógica é baseada no mercado comercial, e os usuários são apenas consumidores. Não estão incluídos na construção do sistema e tampouco têm seus direitos levados em conta”, disse.

O professor Marcos Dantas, da Escola de Comunicação (ECO) da FRJ, destacou o papel fundamental desempenhado pela mídia na lógica de acumulação do capital: “a esfera pública tenta se apropriar dos meios de comunicação, mas o estado os regulamenta para que sirvam à acumulação e ao modelo político-ideológico”. Segundo o docente, esse modelo característico da radiodifusão entra em crise a partir dos anos 1980, dando lugar à convergência midiática e à criação de uma série de novos mecanismos. Citando o termo cunhado pelo pensador francês Guy Debord, Dantas apontou que vivemos hoje na “sociedade do espetáculo”. “O espetáculo diz respeito à criação de um conjunto de comportamentos e gostos que tem como fundo o fetiche da mercadoria, e é através dele que é alimentado o consumo”, analisou Dantas.

Os convidados da mesa 4 debateram as possibilidades e desafios do conteúdo não-comercial, sob a perspectiva da diversidade cultural e da convergência midiática. O professor Murilo Ramos, da Universidade de Brasília (UnB), destacou a descentralização como preservadora da diversidade nas TVs alternativas e educativas.

De acordo com Regina Lima, presidente da Fundação Paraense de Radiodifusão (Funtelpa) as TVs educativas devem produzir um conteúdo que dialogue com a população, ao mesmo tempo em que apresentem um modelo estético satisfatório. “O modelo de narração deve ser diferente do modelo da TV privada, presente no imaginário coletivo. É necessário contextualizar a informação, coisa que os noticiários hoje não fazem”, disse a docente, que destacou, ainda, a dificuldade de representar a diversidade cultural levando em conta a transversalidade da grade de programação.