Redescobrir, reciclar e reconstruir, com as iniciais dos três verbos na cabeça, um grupo de 28 profissionais de marcenaria da UFRJ quer contribuir para recuperar o mobiliário da instituição. As técnicas, eles aprenderam no primeiro semestre de 2010, quando participaram do curso de Restauração de Móveis, promovido pela Coordenação de Desenvolvimento Profissional (Codep), da Pró-reitoria de Pessoal (PR4) e Prefeitura Universitária.
A iniciativa pioneira conjugou um novo conceito metodológico de ensino, integrando conhecimento gerado por professores da Escola de Belas Artes (EBA) às atividades práticas do cotidiano da universidade.
O coordenador do curso, professor José Benito Gonzalez, contou que, há tempos, recolhia partes do mobiliário sem uso e quebrado da universidade à espera de uma oportunidade para recuperá-los, quando apareceu a reivindicação de um grupo de marceneiros por aulas técnicas de restauração. Ele não teve dúvidas: “Topei no ato. Mas não se faz um curso de restauração apenas consertando peças. É preciso passar conhecimento de desenho, geometria, tipo de madeira empregada etc”, explicou ele, resumindo as várias disciplinas ensinadas no curso.
Os alunos estudantes foram capacitados a ter outra percepção visual, a descobrir como aproveitar pedaços nobres de madeira a partir de peças quebradas e construir novos móveis. “Nessa parte artística tivemos resultados muito compensadores, surpreendentes”, disse o professor Nivaldo Carneiro, que também lecionou no curso de restauração.
O professor Marcelo Brasil, outro instrutor, destacou que o objetivo do curso era universalizar o conhecimento, repassando o que a universidade tem de melhor aos próprios funcionários. “É algo tão óbvio pela proximidade, mas distante pela realidade. Não havia essa troca. Nas aulas, eles aprenderam desde a história do mobiliário às técnicas de combate às pragas da madeira”, disse ele, assegurando que hoje quem participou do curso não admite mais o descarte aleatório de móveis de madeira.
Para Adalberto Francisco Pereira Filho, um dos o estudantes do curso, embora não exista projeto de aproveitamento imediato do grupo como um todo, é possível se montar uma equipe para recuperação de parte do patrimônio da universidade que está na Praia Vermelha, no Museu ou na EBA. “O que aprendemos nos atualizou com o mercado de trabalho”, disse ele, durante a exposição realizada na EBA, para apresentação dos trabalhos de conclusão de curso.
Nos planos futuros, está a realização de um novo curso para discutir a empregabilidade do bambu, um vegetal com múltiplas aplicações. A ideia vem ao encontro do que desejam os marceneiros da universidade. “A nossa proposta sempre foi de qualificação profissional visando ao emprego de novas tecnologias. Nós queremos avançar. A parte de reciclagem e reconstrução das peças está incluída”, concluiu Antonio Irineu, marceneiro do Instituto de Psicologia.