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Felicidade, culpa e sociedade contemporânea em debate na Casa da Ciência da UFRJ

O seminário internacional “Ser feliz hoje: Reflexões sobre o Imperativo da Felicidade”, realizado na Casa da Ciência da UFRJ e organizado pelo coordenador do Programa de Pós-graduação em Comunicação (PPGCOM) da Escola de Comunicação da UFRJ (ECO), João Freire Filho, prosseguiu na tarde da última quarta-feira (25/8) com sua segunda mesa-redonda. Os convidados para o debate foram Benilton Carlos Bezerra Junior, psicanalista e professor do Instituto de Medicina Social da Uerj, Paulo Vaz, professor do Programa de Pós-graduação em Comunicação da UFRJ, e Luiz Fernando Dias Duarte, professor do Programa de Pós-graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da UFRJ. A moderação ficou a cargo de Maria Cristina Ferraz, professora do Programa de Pós-graduação em Comunicação da UFF.

Bezerra Junior, com sua palestra “A psiquiatria e a gestão tecnológica do bem-estar”, Vaz e sua apresentação “A vida feliz das vítimas, além de Duarte, com a conferência “Muitas felicidades! Diferentes regimes do bem nas experiências de vida”, apresentaram versões distintas para um mesmo tema: a formação dos sentimentos no interior do homem da sociedade contemporânea. “A felicidade é imperativa”, definiu Bezerra Junior.

De acordo com o psicanalista, o homem atual tem todos os aspectos de sua vida como passíveis de discussão. “Podemos mudar de sexo, opinião política ou religião sem responder a valores religiosos e morais”, afirmou. Porém, esta suposta liberdade implica em uma consequência: “Ficamos reféns de um discurso técnico e científico para fazer tais escolhas”, completou.

Outra característica da sociedade contemporânea, de acordo com Paulo Vaz, é a moral não mais ligada diretamente às leis, ou à religião, mas “individualizada através dos conceitos de compaixão e avaliação dos riscos do próprio prazer para os outros. Um exemplo é a preocupação com o fumo passivo”, declarou. Se os valores morais tornaram-se individualizados, de acordo com Vaz, a causa encontrada pelo homem para seus sofrimentos seguiu o sentido inverso.

“A explicação da causa para o sofrimento, na modernidade, seguia o pensamento ‘sofro por minha culpa’. Hoje a explicação para todas as tragédias é ‘sofro por culpa do outro’”, afirmou Vaz, que em seguida completou: “O risco é viver em uma sociedade à procura de um bode expiatório”.

Luiz Fernando Duarte falou sobre os sentimentos definidos por si como sociais: o ciúme e a inveja. “São sociais porque estão no interior do homem, mas são ligados a relacionamentos”. Outro ponto abordado por Duarte foi a obtenção do prazer ao longo da história humana. Segundo o antropólogo, há duas formas: a forma quantitativa e a moderna. “Uma se dá através da acumulação de elementos visíveis ao mundo externo e a outra é satisfeita através das sensações vividas internamente”, explicou.