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Palestra sobre depressão e hipertensão no Hospital Universitário

 Na última quarta-feira (11/08), tiveram início as atividades do Centro de Estudos Lúcia Spitz com a palestra “Depressão e Hipertensão Arterial”, ministrada pelos palestrantes Gil de Salles, doutor em Clínica Médica pela UFRJ, e Flávio Alheira, psiquiatra do Serviço de Psiquiatria e Psicologia Médica do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF-UFRJ).

Gil de Salles iniciou a palestra com uma breve explicação sobre hipertensão resistente e a forma como a doença é diagnosticada e tratada pelos médicos. O palestrante definiu a hipertensão resistente, abordando algumas das características principais do doente, dentre elas a dificuldade de redução da pressão e a necessidade da utilização de quatro ou mais fármacos para seu controle.

O especialista alertou também para o alto índice de hipertensos atualmente no Brasil. Segundo o médico, “a hipertensão atinge hoje, em média, 30% da população adulta”. O perfil dos doentes identificados pelo professor é, em sua maioria, de obesos, idosos e mulheres. “As senhoras são mais propensas a adquirirem a hipertensão resistente, pois na pós-menopausa a resistência a alguns medicamentos para hipertensão diminui”, explica doutor Salles. O perfil do grupo de risco inclui também indivíduos diabéticos, sedentários e fumantes.

O professor afirma, ainda, que é necessário ao médico ter atenção e cuidado na hora de identificar a hipertensão resistente, pois há casos em que o paciente apresenta uma pressão muito alta no consultório e, no entanto, apresenta um quadro normal em sua rotina diária. Nesses casos, apesar de não ser hipertenso resistente, o paciente deve ficar atento, praticar exercícios e se alimentar de forma saudável, pois tem grandes chances de desenvolver hipertensão grave no futuro.

Para que o diagnóstico correto seja feito, Gil de Salles recomenda o método da Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (Mapa), que consiste na observação das variações tensionais do paciente durante determinado período, através de medidas programadas e indiretas da pressão arterial. Ou seja, descobre-se se o paciente está constantemente hipertenso ou se a hipertensão é ocasional, causada por alguma alteração emocional, por exemplo.

Após introduzir a questão, Gil de Salles passou a palavra a Flávio Alheira, que comentou a pesquisa realizada para sua tese de mestrado, que relaciona hipertensão com depressão. Em sua pesquisa, o psiquiatra analisou 100 pacientes, entre 37 e 91 anos, do Programa de Hipertensão Arterial (ProHArt) da UFRJ. O resultado mostrou que apenas 3% dos pacientes eram tanto depressivos como hipertensos, porcentagem menor que a observada em outros estudos sobre o mesmo tema.

Segundo o palestrante, essa questão é estudada desde o século XX e há divergências entre os pesquisadores. Alguns acreditam que a hipertensão pode causar depressão, outros acreditam que a depressão pode causar hipertensão e há, ainda, os que acreditam que não existe relação entre as duas doenças.