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Estudo avalia um novo mecanismo induzido por estresse de alta pressão

“O fator transcricional Hsf1 de leveduras coordena a expressão de seus genes-alvo sob condições ótimas de crescimento, adquirindo uma forte capacidade indutora da transcrição após situações estressantes, como choque térmico. Embora Hsf1 tenha sido isolado e caracterizado como fator responsável ao estresse há mais de vinte anos, pouco ainda se sabe a respeito de sua ativação por condições adversas”.

Esta afirmação é da mestranda Caroline Mota Fernandes apontada em sua dissertação, intitulada “Regulação do fator transcricional Hsf1 de Saccharomyces cerevisiae: um novo mecanismo induzido por estresse de alta pressão hidrostática”.

Segundo a estudante, que defende sua tese na próxima segunda-feira (16/08), foram investigados o envolvimento de Hsf1 e os mecanismos envolvidos em sua regulação em células de S. cerevisiae submetidas ao estresse de alta pressão hidrostática.

“Inicialmente, o estado de fosforilação do fator foi analisado em células contendo Hsf1 fusionado por sua região N-terminal ao epítopo myc, permitindo detecção da proteína após incubação com anticorpo específico. Análises por Western Blotting revelaram um padrão de fosforilação de Hsf1 após estresse de pressão distinto do hiper-fosforilado induzido por choque térmico”, analisa a estudante.

Dessa forma, foi investigado se a ativação dos genes dependentes de Hsf1 seria afetada pelo estado não-hiperfosforilado do fator, induzido por pressão. “Após tratamentos de 50 MPa e 100 MPa, observou-se, por RT-PCR, aumento dos níveis de RNAm de HSP104, HSP26, CUP1 e SSA3,  demonstrando que a hiperfosforilação de Hsf1 não é essencial para indução gênica após estresses. Além disso, o padrão de expressão dos genes-alvo após tratamentos de pressão se mostrou dependente do tipo de arquitetura do elemento HSE encontrada no promotor. Logo, foi investigada a ativação das distintas construções de HSE após tratamento de 100 MPa, utilizando uma construção plasmidial contendo os arranjos HSE fusionados ao gene repórter LACZ. Dessa forma, a indução das arquiteturas foi analisada pela indução de LACZ por RT-PCR e pela atividade de b-galactosidase”, explica Caroline.

Em resposta a estresse de pressão hidrostática, Hsf1 ativa mais intensamente a transcrição via promotores descontínuos como HSE-Gap e HSE-Step. “Dessa forma, a indução gênica mediada por Hsf1 após 100 MPa parece se dar de maneira distinta do observado para tratamento térmico a 40°C. O papel de modificações pós-traducionais (hiperfosforilação) e sua implicação na ativação das arquiteturas HSE ainda são alvos de intensa discussão na literatura. Logo, a compreensão da ativação de Hsf1 em modelos pouco descritos, como estresse de pressão, pode revelar novos mecanismos de regulação do fator”, conclui a mestranda.

Defesa:

O estudo “Regulação do fator transcricional Hsf1 de Saccharomyces cerevisiae: um novo mecanismo induzido por estresse de alta pressão hidrostática”, realizado por Caroline Mota Fernandes, teve a orientação da professora Eleonora Kurtenbach, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF/UFRJ).

A defesa acontece dia 16 de agosto, segunda-feira, às 14h no bloco G sala G1-022 do IBCCF, no Centro de Ciências da Saúde (CCS), Cidade Universitária.