Na última sexta-feira (11/06), aconteceu, no Auditório Manuel Maurício Albuquerque, do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), o seminário “Tecendo redes: enfrentando a violência contra a mulher”, promovido pelo Centro de Referência de Mulheres da Maré Carminha Rosa (CRMM-CR) e pelo Núcleo de Estudos em Políticas Públicas em Direitos Humanos (NEPP-DH).
O evento contou com a presença de Erotildes Maria Leal, professora do Instituto de Psiquiatria (Ipub) da UFRJ, Cecília Soares, da Superintendência de Direitos da Mulher do Estado do Rio de Janeiro (Sudim-RJ), Silvana Menezes, assistente social da Coordenadoria Especial de Promoção da Política para Igualdade de Gênero (Cepig), e Eliana Amorim Moura, coordenadora do Centro de Referência de Mulheres da Maré Carminha Rosa (CRMM-CR) e mediadora da mesa.
Erotildes Maria Leal analisou a experiência de construção de redes de cuidado em saúde mental para dialogar com políticas de proteção à mulher. A partir de reflexões sobre a noção de rede tomando como exemplo o modelo assistencial de saúde mental do Sistema Único de Saúde (SUS), a docente examinou as noções de “território”, “rede” e “cuidado”. De acordo com a psiquiatra “as noções de rede e território são relevantes para a reformulação da assistência psiquiátrica a fim de substituir o paradigma psiquiátrico de isolamento pelo paradigma da atenção psicossocial de inserção social que envolve diferentes métodos e recursos de tratamento”.
A professora observou ainda que “pensar em rede implica pensar o circuito das pessoas nessas redes. É por isso que em saúde mental, afirmamos que as redes definem o território. Logo, para o nosso fim, rede deve ser definida por pessoas e serviços”, declarou. A docente acrescentou que “cuidar dos problemas de saúde mental significa considerar o sujeito em sua relação com o mundo, a doença a partir da experiência do adoecimento”. A palestrante concluiu deixando em aberto a questão: “a experiência do modelo assistencial de saúde mental pode inspirar o enfrentamento da questão de violência contra a mulher?”.
Cecília Soares apontou que saúde mental e violência têm uma relação estreita e que “um maior diálogo entre os serviços e instituições se faz necessário. Essa articulação é o nosso grande desafio hoje”.
Silvana Menezes comentou a importância das redes que compõem a violência contra a mulher serem institucionalizadas. A assistente social também enfatizou a necessidade de estabelecer um laço de empatia entre a mulher vítima de violência e o profissional da rede. A debatedora realçou ainda a importância de discutir e acompanhar os casos, e não apenas atender e encaminhar a vítima. “A mulher vítima de violência sofre principalmente de isolamento, tanto social quanto familiar. Ela sofre de estigmas e estereótipos que dificultam a sua reinserção na sociedade”, analisou Silvana.
Encerrando o evento, as mulheres do CRMM-CR divulgaram os seus trabalhos realizados no Centro a partir de oficinas e cursos que têm como objetivo promover maior inclusão social, qualificação profissional e autonomia econômica e financeira. Dentre os trabalhos, foram apresentados arranjos florais, chocolates artesanais e objetos decorativo.