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O ideal verde em debate

Debater o ideal ecológico e promover uma consciência atrelada às políticas verdes.  Como parte do curso de Jornalismo e Políticas Públicas e Sociais, lecionado pelo professor Evandro Ouriques, da Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ, o convidado para discutir sustentabilidade e política foi o vereador Alfredo Sirkis, membro da coordenação nacional da campanha presidencial da candidata do Partido Verde (PV), Marina Silva.

O encontro que ocorreu na última segunda (28/06), no auditório do Centro de Produção Multimídia (CPM), debateu as sustentabilidades no ato político, seus fluxos materiais e, sobretudo, sua cronologia. De acordo com Ouriques, “como tudo é político, é necessário ter uma abordagem ética e moral”. Sirkis concordou com a fala do docente e disse ser “necessário conduzir a política com base na sustentabilidade”.

O vereador lembrou a gênese do movimento verde nos anos 1970, quando no exílio francês, teve contato com as ideias de conservação do meio ambiente, opostas ao que se pregava na capacidade infinita de crescimento e a figura da natureza como obstáculo para o progresso capitalista. No Brasil, entretanto, o discurso ideológico ainda era embrionário. “Defender o verde à época era atestar sua excentricidade e a parte da sociedade”, afirmou o vereador.

Para Sirkis, o pensamento ecológico só fora modificado com a Conferência de 1992 (ECO-92), que rompeu o paradigma da natureza como barreira para o progresso e curiosamente sensibilizou o setor empresarial. A introdução do termo “desenvolvimento sustentável” possibilitou a conquista de espaço, mas nas mãos das empresas foi visto como uma publicidade verde capitalista. “A imagem da empresa deveria se associar à imagem verde para que o consumo não fosse minado”, comentou Sirkis, para quem a Conferência foi válida para transformar o cenário com novas percepções sobre Ecologia e levar a questão a âmbito nacional.  No entanto, nenhum partido político tinha a expressividade da bandeira, o que só viria a acontecer mais tarde o Partido Verde (PV).

Sirkis trouxe à tona a figura do Rio de Janeiro como cidade olímpica e uma das sedes da próxima Copa do Mundo.  Porém, ressaltou as amarras em que o Estado se coloca ao defender as prerrogativas do Protocolo de Kyoto, que o faz um importador compensatório e que oculta a produção da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA). “Até 2014, a CSA poluirá 12 vezes mais do que o estipulado pelos órgãos ambientais”, citou. O vereador enfatizou ainda a ineficácia de tais eventos, que seriam uma oportunidade para transformar a cidade em um modelo ecológico mundial, mas que são usados indiscriminadamente por empresas. “A elevação de um ideal verde formaria um Estado que organiza os indivíduos no espaço para melhorar as coisas e não propriamente alcançar benesses”, concluiu.