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O controle inflacionário no Brasil em debate no IE-UFRJ

O Instituto de Economia (IE) da UFRJ promoveu, na última terça-feira (22/06), o seminário de pesquisa “Custos e Benefícios do Controle Inflacionário no Brasil (2000-2008)”. O evento contou com a presença de André de Melo Modenesi, professor do IE-UFRJ, e Eliane Cristina de Araújo, professora do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá (DCO-UEM).

A partir de um balanço dos custos e benefícios da política anti-inflacionária na economia brasileira, André de Melo Modenesi analisou de que modo o aumento da taxa de juros influencia a inflação e a estabilidade de preços. “Por um lado, elevar a taxa de juros reduz a inflação, o que conseqüentemente amplia o bem-estar social. Contudo, o aumento da taxa desaquece a economia, valoriza a moeda doméstica e eleva o estoque de dívida pública, de modo que aumentar a taxa de juros diminui o nível de bem-estar social”, analisou.

O professor comparou o resultado de uma variação na taxa Selic sobre os preços com os seus efeitos sobre a inflação, taxa de câmbio, o nível de atividade econômica e o endividamento público. “O estudo permite sistematizar e quantificar a taxa de sacrifício, isto é, os efeitos negativos de uma elevação da taxa do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), e também o impacto de uma alta de taxa de juros sobre a inflação”.

Eliane Cristina de Araújo comentou os custos e os benefícios do combate à inflação. “A teoria ortodoxa enfatiza os efeitos negativos da inflação, mas os custos da manutenção da estabilidade de preços são desconsiderados”, analisou. A docente observou que a política monetária tem sido pouco eficaz e que o combate à inflação tem resultado em elevada taxa de sacrifício. “Uma elevação da Selic tem impacto reduzido sobre a taxa de variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de modo que tem como efeitos o arrefecimento da atividade econômica, a valorização cambial e a ampliação da dívida pública”, comentou. A professora concluiu que “a partir dessas evidências, o balanço entre os custos e os benefícios da política anti-inflacionária é desfavorável”.