De Porto Alegre – Nesta segunda, dia 25, aconteceu, na Usina do Gasômetro, a cerimônia de abertura da décima edição do Fórum Social Mundial (FSM). Estiveram presentes representantes de movimentos sociais, entidades sindicais, movimentos estudantis, além de membros do governo do Rio Grande do Sul e do governo federal. A edição 2010 do evento faz um balanço do FSM desde a sua criação, em janeiro de 2001, na capital gaúcha. Na pauta, estarão debates sobre as conjunturas econômica, política, social e ambiental em todo o mundo. A proposta, segundo os organizadores, é repensar as edições anteriores e avançar no que se refere à mobilização popular.
Vagner Caetano, representante do governo federal, foi um dos palestrantes da primeira manhã de debates. Ele destacou a importância do FSM ao longo dos dez anos de atividade e ressaltou o trabalho do governo Lula na luta por uma agenda política voltada para as causas populares. “O presidente Lula virá amanhã a Porto Alegre e prestará contas do seu trabalho na área de políticas públicas sociais, em seu último Fórum como presidente. Certamente, o Brasil de hoje é diferente de dez anos atrás”, disse, confirmando a presença do presidente ao evento nesta terça, dia 26.
Para o presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Ivar Pavan (PT), “o atual modelo econômico já se mostrou insustentável. É preciso elaborarmos políticas públicas de proteção ambiental”, afirmou. Já o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, anunciou a construção de um memorial em homenagem às dez edições do FSM. “É preciso preservar a memória deste evento”, comentou.
Após leitura de carta de Ieda Crusius, em que a a governadora do Rio Grande do Sul afirmava que “acolher o Fórum Social Mundial não significa concordar com suas ideias, mas promover o debate”, o auditório da Usina do Gasômetro foi tomado por vaias de grande parte do público. Frases como “Fora Ieda” puderam ser ouvidas, em referência à série de denúncias contra a governadora acusada de improbidade administrativa.
Histórico
Porto Alegre foi a sede do Fórum Social Mundial de 2001 a 2003, quando muitos ainda duvidavam da capacidade de mobilização do evento e a grande imprensa internacional tentava desacreditar o encontro, rotulando-o como palanque eleitoral de políticos do Rio Grande do Sul. Em 2004, Mumbai, na Índia, foi o local escolhido para abrigar o FSM.
No ano seguinte, Porto Alegre voltou a ser a sede do encontro, onde convergem as forças que acreditam em “um outro mundo possível”. O caráter "altermundialista" do evento ganhou abrangência internacional da edição de 2006, quando Bamako (Mali, África), Caracas (Venezuela, América) e Karachi (Paquistão, Ásia) abrigaram as atividades. Nairóbi (Quênia, África) foi a sede em 2007.
Em 2008, o Conselho Internacional do Fórum Social Mundial definiu que não aconteceria um evento centralizado do FSM, mas sim uma semana de mobilização e ação global, marcada por um dia de visibilidade mundial em 26 de janeiro. Já em 2009, a IX edição do FSM ocorreu em Belém (PA), em evento que contou com mais de 5.800 organizações, de mais de 142 países de seis continentes, além de mais de 1.300 representantes indígenas.