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Educar para preservar: uma aposta nas crianças

Com a ideia de que a educação pode ser a chave para a construção de um mundo melhor e, consequentemente, para a preservação da natureza, a professora Lycia de Brito Gitirana, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da UFRJ, desenvolveu o projeto de extensão “Educar para preservar: um exercício de cidadania”. O objetivo é levar conhecimento sobre Ciências de forma dinâmica aos alunos dos ensinos médio e fundamental.

“Trabalhamos associando professores de Ciências e Língua Portuguesa, pois assim conseguimos um efeito multiplicador. Acredito que a melhor forma de agir para mudar a realidade é focando nas crianças”, relata a professora.

Segundo Lycia, o professor não deve atuar sozinho diante dos alunos, mas expor o assunto para o desenvolvimento de um debate amplo do qual todos participam. “Utilizo como ponto de partida o grupo animal dos anfíbios, que tem uma grande influência e é capaz de refletir modificações ambientais, através do seu comportamento e fisiologia”, aponta. Para promover a interação entre educador e aluno, Lycia acha fundamental o apoio da leitura.

A professora acredita que o ponto forte do projeto é dar subsídio ao professor. Ela então criou o livro Conhecendo os anfíbios, contendo material didático atualizado e conhecimentos necessários para o professor levar às aulas informações além dos níveis usuais. “No final há um joguinho, que se pode utilizar como material paradidático”, acrescenta.

Destinado aos alunos, surgiu o volume A Anfifada e o amuleto encantado. Segundo Lycia, trata-se da história de uma família em que a esposa quer engravidar e não consegue. Para ajudá-la, aparece a Anfifada, a fada dos anfíbios, que lhe fornece um amuleto encantado em forma de sapo, simbolizando a fertilidade. A história, inspirada na lenda de Muiraquitã, também aborda a degradação ambiental. A Anfifada consegue por fim ajudar a todos e ensinar como se deve cuidar do meio ambiente.

“Um grupo de alunos de graduação transformou o conto em peça teatral. Eles encenaram este ano no Simpósio dos Anfíbios, em Duque de Caxias. Foi um trabalho que deu certo e despertou o interesse das crianças. Isso causou a desmistificação de um grupo animal e levou à melhoria do nível de conhecimento dos espectadores”, afirma Lycia.

O objetivo de Lycia e seus alunos é também levar a ideia a diversos municípios do Rio de Janeiro. No entanto, a professora considera a tarefa algo que requer grande esforço por parte de seus gestores e da Coordenação de Extensão do Centro de Ciências da Saúde (CCS). “É preciso oficializar nossa atuação, não podemos chegar aos municípios como algo clandestino. E esse é um trabalho cansativo”, expõe.

“Começamos conversando com a prefeitura de Teresópolis, associada ao Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Também apresentei o projeto na Semana de Meio Ambiente de Maricá; a prefeitura se interessou. Estamos ganhando terreno com muita luta e dificuldade. E vamos conseguir”, afirma ela com otimismo.

A professora se esforça ao máximo na missão para dar retorno à sociedade daquilo que é produzido na universidade. “Não podemos ficar só dentro do laboratório ou da sala de aula; a universidade nos dá a chance de nos dedicarmos à extensão. E, através da educação, o indivíduo resgata a autoestima e valoriza a posição dentro de seu meio”, conclui Lycia Gitirana.