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Do suco à Coca-Cola: o novo perfil nutricional do brasileiro

Um bom prato de arroz e feijão é a comida preferida dos brasileiros? Infelizmente, não mais. A vida corrida, a má alimentação, o consumo de produtos rápidos e industrializados são questões preocupantes, que atingem não só o Brasil, mas todo o mundo. Segundo pesquisa feita pelo Ministério da Saúde, o perfil nutricional do Brasil está mudando da desnutrição para o sobrepeso. O crescimento do risco de obesidade em meninos com idades entre 10 e 19 anos comprova a tese.

Assunto muito discutido na mídia e nas literaturas científicas, a mudança alimentar da população se deve a uma mudança no estilo de vida. A necessidade de comer muito rápido, associada à variedade e praticidade dos produtos industrializados, faz com que verduras, frutas, sucos e produtos naturais deem lugar a lasanha congelada, água de coco de caixinha e refrigerantes.

Segundo Gloria Valeria da Veiga, coordenadora do projeto Elana, que faz um estudo longitudinal de avaliação nutricional de adolescentes, os produtos industrializados têm excesso de açúcar refinado, mais gorduras, possuem menos fibras e uma densidade calórica muito grande. O consumo regular desses alimentos, assim como ocorre em países como os EUA, favorece o surgimento do sobrepeso e da obesidade, e consequentemente os diversos problemas de saúde associados, como hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares.

Além da questão da alimentação, o sedentarismo também é um fator que tem bastante influência na mudança de perfil do brasileiro. Trocar uma caminhada pelo automóvel, trocar o canal pelo controle remoto, subir e descer de escada rolante e reduzir as atividades físicas são atitudes muito comuns à população, dos adultos às crianças, atualmente.

Segundo Gloria Valeria, os estudos nesta área devem ir além dos fatores que provocam a mudança no perfil nutricional, mas também saber o porquê de, mesmo ciente dos riscos e malefícios, a população continuar com esse tipo de alimentação.

Verificando as medidas

O projeto Elana pretende acompanhar o estado nutricional de estudantes de escolas públicas e privadas da cidade do Rio de Janeiro por quatro anos, visando verificar a evolução de medidas antropométricas, de composição corporal e indicadores bioquímicos de alterações metabólicas durante esta fase de crescimento. A evolução de fatores de risco, como consumo alimentar, prática de atividade física e fatores psicossociais, também será investigada para que se possa esclarecer de que forma esses fatores podem estar associados a distúrbios como déficit ou excesso de peso e obesidade, em vários momentos do crescimento.

“Na pesquisa, nós introduzimos a questão do hábito de comer frutas. Perguntamos se os estudantes comem ou não; e se não comem, queremos saber o porquê dessa recusa, pois não adianta ficar insistindo para a pessoa comer sem saber qual é o motivo do não, mesmo sabendo que as frutas são alimentos saudáveis”, relata Gloria Valeria.

Como as crianças ainda sofrem muita intervenção dos pais em sua alimentação, optou-se por trabalhar com adolescentes. Nessa fase, com mais autonomia, os estudantes têm maior independência para escolher o que vão comer e, assim, é possível fazer com que eles possam adquirir hábitos mais saudáveis, antes da vida adulta.

Para evitar que, cada vez mais, a população tome as características do sobrepeso e da obesidade, é necessário que haja um ambiente preparado para tal. Segundo Gloria Valeria, políticas governamentais de incentivo ao consumo de alimentos saudáveis, fiscalização das cantinas escolares, taxação para produtos industrializados, além de incentivo e manutenção da educação e reeducação alimentar dentro das próprias famílias, são atitudes importantíssimas para que adultos e crianças possam contar com os benefícios de uma alimentação saudável.

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