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Agenda Social para o Rio 2016

Itamar Silva, coordenador do Ibase, lembra as propostas de Betinho para a cidade.

Para debater o legado da Agenda Social criada pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, falcido em 1997, a Escola de Comunicação da UFRJ (ECO) realizou na última segunda, dia 16, um seminário que contou com a participação do coordenador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Itamar Silva. Ele sugeriu a retomada de diversos projetos na construção de uma cidade melhor antes das Olimpíadas em 2016.

Criada em 1996, por Betinho, quando o Rio postulava ser a sede das Olimpíadas de 2004, a Agenda Social pretendia criar uma coerência entre o aspecto social da cidade e a capacidade de receber os Jogos. Eram iniciativas que uniam o empresariado e o governo em prol do desenvolvimento cultural, artístico, ambiental e esportivo da cidade.

Itamar Silva lembrou que o carisma e o poder de persuasão de Betinho fizeram com que, a princípio, a sociedade civil e o Estado despertassem o desejo de se comprometer com o desenvolvimento responsável do Rio de Janeiro. A saída da cidade da competição em março de 1997, no entanto, fez com que os ânimos arrefecessem.

“Betinho não esperava que isso acontecesse antes de novembro”, explica Silva. “O que provocou alterações na Agenda Social”, completou. Em vez de melhorias em toda a cidade, a atuação do projeto ficou delimitada à área da Grande Tijuca e, como meta-síntese, a proposta de urbanizar as favelas foi escolhida pela abrangência.

Agenda Social no Rio 2016

Ao longo dos anos, as propostas da Agenda foram relegadas. “O tempo mostrou o frágil compromisso do empresariado e do governo com relação a mudanças mais ousadas”, afirma Silva.

A vitória do Rio de Janeiro como cidade-sede para os Jogos Olímpicos de 2016, entretanto, reacendeu o debate sobre as responsabilidades sociais. Para o coordenador do Ibase, “sem dúvida, o Rio de Janeiro vai ganhar com as Olimpíadas. A questão é ‘quem’ e ‘o quê’ vai ganhar”.

Para ele, é importante que as alterações feitas na estrutura urbana para suportar os jogos sejam pensadas no sentido de romper com a lógica da “cidade partida”. Nascido no Morro Dona Marta, Silva tem a convicção de que as histórias pessoais se misturam com a da metrópole e que, por isso mesmo, “não existe divisão entre o individual e o coletivo”.

No site do instituto há informações adicionais sobre a Agenda Social.  Confira também a entrevista com Itamar Silva, realizada pela Agência Ibase.