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A tecnologia invade o cotidiano

 A presença das novas tecnologias no cotidiano e suas repercussões foi o tema da segunda mesa do Seminário Internacional Comunicação Cotidiana: do Trivial ao Virtual, nesta segunda-feira (09/11). Mediada pelo professor João Maia, a palestra contou com os franceses Federico Casalegno, diretor do Laboratório de Experiência Móvel do Instituto Massachussetts de Tecnologia (MIT), Stéphane Hugon, pesquisador do Centro para o Estudo das Correntes e Diários (CEAQ), Pierre Le Quéau, professor da Universidade de Grenoble, e com a socióloga brasileira Isabel Mendes de Almeida.

Casalegno e Hugon analisaram a relação existente entre as novas tecnologias, seus usuários e o espaço físico onde estão. Casalegno atentou para a mudança de paradigma ocorrida: o PC imersivo e isolado deu lugar aos aparelhos móveis, que garantem sociabilidade e são utilizados em locais públicos.

Como exemplo, citou um projeto que instalaria aparelhos em edifícios e monumentos históricos, possibilitando que, numa visita turística, as pessoas deixassem mensagens ou imagens nos lugares. Estas poderiam ser respondidas por outros turistas, criando uma rede social em um espaço físico. “São muros que falam”, sintetizou Casalegno.

“A técnica determina o social ou o contrário?”. Hugon levantou essa questão usando como exemplo o rádio: a evolução tecnológica ou a demanda dos jovens que não queriam mais ouvir as mesmas músicas que seus pais fizeram com que ficasse menor? Segundo o professor, a técnica recebeu muitas críticas ao longo do tempo, era não-natural e iria destruir as relações sociais. O que se vê hoje, no entanto, é justamente o contrário, ela possibilita a produção de vínculos e de novas subjetividades.

"Não gosto de tecnologia” disse Pierre Le Quéau. O professor, que coordena um grupo de pesquisa sobre a questão da imagem, afirmou que ela não se forma facilmente. Para que uma imagem seja forte na mente das pessoas, precisa de um dispositivo que faça com que ela se comunique. Este, ao contrário do que se pensa, instaura um regime de realidade. “Contudo, para que se cultivem imagens no mundo, é preciso saber destruí-las”, concluiu.

Isabel Mendes de Almeida afirmou que a criatividade prezada nos empregos de hoje não é a mesma do passado. Ela precisa ser colaborativa, não é mais aquela que se limita ao processo de criação. “É importante saber trabalhar com o que está em volta. A palavra não é mais invenção, mas inovação”. A socióloga também frisou a necessidade de ser flexível nesse mundo repleto de novas tecnologias. “É preciso participar de todas as fases de produção, garantir que o produto saia perfeito”.