Como parte da XXXI Jornada de Iniciação Científica, Artística e Cultural da UFRJ, a estudante Júlia Tavares apresentou, ontem (08/10), seu trabalho pertencente ao Grupo de Estudos e Pesquisas de Sistemas Educacionais, no Auditório da Decania do CFCH (Centro de Filosofia e Ciências Humanas). A apresentação, que tratou da distribuição de vagas para alunos das escolas públicas no Rio de Janeiro, procurou desvendar os “mecanismos ocultos” do sistema educacional de ensino da cidade.
Segundo Júlia, não há desigualdade na qualidade didática apenas entre colégios particulares e públicos. Existe também distinção entre instituições geridas pelo governo. “Minha tese é a de que há um jogo político por trás do preenchimento de vagas nessas escolas. Apesar de ser regulamentada por lei, essa distribuição se dá de forma obscura”, afirmou a aluna.
De acordo com a pesquisa, os critérios utilizados pelos pais para escolher o colégio de seus filhos são a qualidade e o prestígio que determinada instituição possui. Em contrapartida, as escolas também utilizam os mesmos critérios, o que não deveria acontecer. “Alunos tidos como problemáticos, ou com um histórico escolar ruim, não são aceitos pelos colégios públicos de alto prestígio. Essas escolas costumam aceitar apenas alunos com uma formação socioeconômica melhor e que possuem algum irmão ou irmã com um bom passado dentro da própria escola”, explicou Júlia.
A partir disso, cria-se um ciclo vicioso na educação pública da cidade e, portanto, a escola de origem da criança passa a ser fundamental para determinar o restante de sua trajetória. “Como é preciso realizar constantemente a troca de colégios, para teoricamente promover uma espécie de equilíbrio entre os alunos, a primeira escola da criança é crucial. Se ela der a sorte de cair em um colégio de prestígio e apresentar bom comportamento e resultado, provavelmente permanecerá tendo oportunidades em outras instituições de qualidade”, ressaltou a pesquisadora, afirmando ainda que tal ação colabora apenas para o reforço da desigualdade social.
Júlia destacou ainda que os processos seletivos promovidos pelos colégios públicos na hora de receber novos estudantes, privilegiando na grande maioria das vezes o mérito (através da realização de provas), a origem social e até mesmo a aleatoriedade, representam um sistema injusto. “Esses critérios não condizem com o direito igualitário à educação que todas as crianças possuem”, concluiu.