Alunos do 8º período do curso de Rádio-TV da Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ, Vitor Alli e Aline Melo apresentaram, dentro da Jornada de Iniciação Científica, Artística e Cultural promovida pela academia, o trabalho “Linguagens da Violência: Mídia e Pânico”. Em exposição feita na ECO, nesta quarta-feira (7/10), eles realçaram a importância da mídia na construção de identidades, destacando seu papel como produtora e não apenas como refletora do imaginário social.
O foco dos estudantes foram os filmes de zumbi, que se utilizam da mesma estética adotada pela mídia para remontar sua história e causar pânico. Após analisar 15 filmes desse gênero, eles perceberam que a grande maioria traz informações sobre a tragédia fictícia em questão através de telejornais. Cria-se, assim como nos noticiários televisivos, um sentimento de descontrole e caos na população. Em um primeiro momento, as pessoas, preocupadas, lotam as ruas; em seguida, elas deixam desertos os espaços públicos, desaparecendo para se refugiar. Vitor e Aline compararam, inclusive, a instalação do medo e do terror apresentada nos filmes com a cobertura da gripe suína, feita pela rede de televisão norte-americana CBS.
De acordo com o trabalho apresentado, ocorreram mudanças nos filmes de zumbi nos últimos 40 anos, pois o que amedronta a sociedade também mudou. Hoje já não se teme mais a criatura maligna, teme-se o fracasso da não-sobrevivência, como no filme Eu sou a lenda, protagonizado por Will Smith. Isso explica a presença cada vez mais constante da biologia nesse tipo de filme, como forma de buscar uma saída para se sobreviver e de aproximar o absurdo de um fato que pode cientificamente ser explicado.
Na opinião dos estudantes, há também certa moralização comovente em determinados momentos desses filmes, que suspendem a ação e colocam os protagonistas em situações em que os valores éticos e familiares acabam sendo privilegiados, alçando-os à posição de heróis. Vitor e Aline concluíram que há uma relação de retroalimentação estética entre as mídias, e que as formas de representação do real e do fictício, através dos telejornais e do cinema, estão cada vez mais misturadas umas nas outras.