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Intercâmbio na Feira do Troca é fonte de estudo antropológico

Através da pesquisa intitulada “A Feira do Troca no Centro do Rio de Janeiro: processos de circulação social e simbólica de objetos materiais”, o estudante do IFCS (Instituto de Filosofia e Ciências Sociais) Bruno Alves Cardoso fez uma análise do intercâmbio de objetos que ocorre nessa que é uma das maiores feiras livres da América Latina. Seu orientador foi o professor José Reginaldo Gonçalves. O evento ocorreu no dia 08/10 e foi coordenado pelos professores Amaury Fernandes e André Parente, ambos da Escola de Comunicação.

“Feira do Troca” é o nome popular dado ao encontro de feirantes ocorrido todo o sábado de manhã, na Praça XV, sob o viaduto da Avenida Perimetral.  Nasceu há mais de 40 anos, nos pés da estátua de Dom João, e hoje percorre uma distância de mais de 500 metros da inicial. O evento semanal é famoso pela troca de relíquias, antiguidades e itens de colecionador. Bruno Cardoso enumera alguns de seus muitos produtos: música, leitura, armas, brinquedos, artigos de heráldica, materiais de construção, objetos religiosos, dentre vários outros.

O pesquisador enfatiza que o foco de seu trabalho não foram os objetos em si, mas as relações sociais existentes em decorrência dessa circulação de artigos. Para ele, é importante perceber que o intercâmbio faz parte de uma malha de interesses bastante específica e que merece um estudo mais aprofundado. “Acompanhar o deslocamento dos objetos ao longo da fronteira que os delimita é demonstrar um aspecto funcional dentro de uma rede.” E prossegue, mais adiante: “Neste mesmo sentido, é possível identificar o processo de produção social dos patrimônios culturais.”

A questão de como um mesmo objeto coloca-se em diferentes redes de significação foi posta na apresentação. Cardoso explica que dependendo do fato de estar situado no campo da arte, da religião ou mesmo em outros gêneros de feira, o artigo pode adquirir significações diversas. Lembra dos catadores de lixo – transformadores do que seria inutilizado em mercadoria – e dos colecionadores, tão presentes nos corredores populares sob a avenida Perimetral.

Para fundamentar um estudo tão complexo, Bruno Cardoso utiliza-se de museus, entrevistas, feiras de outros estados, material audiovisual, bibliografia e arquivos como fontes há cerca de um ano. Acima de tudo, conta que sua metodologia foi “pôr o pé dentro do campo”.